O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, agradeceu à jornalista que interrompeu um dos principais noticiários da televisão estatal da Rússia com uma mensagem contra a guerra e contra a propaganda russa.
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Marina Ovsyannikova interrompeu, em direto, um dos principais noticiários da televisão estatal da Rússia, na segunda-feira, pelas 21.30 horas (horário de Moscovo), exibindo um cartaz com uma mensagem clara: "Sem guerra. Parem com a guerra. Não acreditem na propaganda, eles dizem mentiras aqui. Russos contra a guerra".
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Perante tal ato pela verdade e contra a propaganda do Kremlin, Volodymyr Zelensky afirmou estar "grato" a Marina Ovsyannikova, que é uma das editoras do canal, e a outros "por tentarem espalhar a verdade".
"Estou grato a todos os russos que não se cansam de dizer a verdade, que estão a lutar contra a desinformação e a contar a realidade aos seus amigos e familiares, e pessoalmente àquela mulher que foi para o estúdio do Canal Um com um cartaz antiguerra", disse o presidente ucraniano, num discurso em vídeo divulgado e citado pelo "The Guardian".
Marina Ovsyannikova foi detida e está desaparecida, sem que os seus advogados consigam contactá-la.
Antes de interromper o noticiário da noite, visto por milhões de russos, a jornalista gravou um vídeo onde considerou que o que está a acontecer na Ucrânia é um "crime" e que tinha vergonha de trabalhar para a propaganda do Kremlin.
Também a União Europeia (UE) aplaudiu a coragem dos cidadãos russos que exprimem a sua oposição ao regime de Vladimir Putin.
"Aplaudimos a contínua coragem dos valentes cidadãos russos, e dos cidadãos russos amantes da paz, que ousam expressar a sua oposição a esta guerra de Putin, apesar de todas as restrições existentes", disse o porta-voz para os Negócios Estrangeiros, Peter Stano, em conferência de imprensa, esta terça-feira.
Segundo a BBC, esta terça-feira os meios de comunicação social estatais não noticiam este episódio. Apenas um jornal independente dá conta do protesto com uma imagem do momento, mas cobrindo as palavras do cartaz que a jornalista está a segurar. Recorde-se que, desde o início do mês, a legislação russa criminaliza a publicação de "fake news" sobre a guerra na Ucrânia com penas de até 15 anos de prisão.