Cada vez mais criticado pelo presidente norte-americano Donald Trump, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse esta sexta-feiraque espera conseguir "um acordo justo" com Washington para a exploração dos recursos minerais do seu país.
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"As equipas ucraniana e americana trabalham num projeto de acordo entre os nossos governos, e o principal é definir os detalhes, para que possa funcionar. Espero um resultado, um resultado justo", disse Zelensky.
No começo de fevereiro, Trump anunciou que desejava negociar um acordo com a Ucrânia para ter acesso a 50% dos seus minerais estratégicos em troca da ajuda fornecida a Kiev na guerra contra a Rússia. Mas Zelensky rejeitou a primeira proposta americana, argumentando que não oferecia garantias de segurança.
Desde então, a tensão entre Kiev e Washington aumentou. No entanto, um funcionário do alta estrutura ucraniana afirmou hoje que a equipa de Zelensky e os Estados Unidos continuam a negociar um acordo sobre os minerais. "Há uma troca constante de documentos preliminares, enviamos outro ontem", disse à AFP.
O assessor americano de Segurança Nacional, Mike Waltz, garantiu nesta sexta-feira que Zelensky vai assinar um acordo "num prazo muito curto (...) e isso é bom para a Ucrânia".
O enviado de Trump à Ucrânia, Keith Kellogg, optou por um tom conciliador e disse que teve uma reunião "positiva" em Kiev com o "corajoso" Zelensky.
O presidente americano disse esta sexta-feira que não considera essencial que Zelensky esteja presente nas negociações com a Rússia para acabar com a guerra na Ucrânia. "Não acho que seja muito importante que ele esteja nas reuniões", declarou à Rádio Fox. "Ele está lá há três anos. Ele dificulta muito os acordos", acrescentou.
"É importante que os Estados Unidos estejam do nosso lado. Uma paz sólida e duradoura só pode ser alcançada com unidade", publicou o presidente ucraniano no X, após conversar por telefone com seu homólogo polaco, Andrzej Duda.
O chefe do governo alemão, Olaf Scholz, também falou por telefone com o líder ucraniano e destacou que Kiev "deve estar na mesa de negociações e as questões de segurança na Europa devem ser discutidas conjuntamente com os europeus", segundo avançou o seu porta-voz num comunicado.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, reiterou nesta sexta-feira que o presidente Putin está "aberto" a negociações de paz. "Temos os nossos objetivos relacionados com a nossa segurança nacional e os nossos interesses nacionais, e estamos prontos para alcançá-los por meio de negociações de paz", afirmou Peskov.
Avanços russos
A Rússia exige que a Ucrânia ceda quatro regiões ucranianas que Moscovo alega ter anexado, além da península da Crimeia, e renuncie à adesão à NATO, o que Kiev rejeita categoricamente.
Trump e os seus apoiantes consideram "pouco realista" a adesão da Ucrânia à NATO e a sua ambição de recuperar os territórios tomados por Moscovo.
Poucos dias antes do terceiro aniversário do início da invasão, em 24 de fevereiro de 2022, a situação continua difícil para as tropas ucranianas, em menor número e menos equipadas.
Nesta sexta-feira, o Exército russo reivindicou a tomada de duas localidades na região leste de Donetsk, perto da fronteira com a região de Dnipropetrovsk. Nesse contexto de guerra e diplomacia, a União Europeia e vários líderes europeus estão a tentar mobilizar-se para apoiar a Ucrânia.
O presidente francês, Emmanuel Macron, viajará na segunda-feira a Washington, onde se reunirá com Trump. Macron afirmou nas redes sociais que dirá ao parceiro americano que "não pode ser fraco" diante de Putin.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, visitará Washington na quinta-feira.