O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que a Rússia "encontra sempre uma forma de quebrar as suas promessas", em alusão ao ataque em Odessa, 24 horas depois do acordo para permitir a exportação de cereais.
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"Não importa o que a Rússia prometa, sempre irá encontrar uma forma de não cumprir", disse o líder ucraniano numa mensagem de vídeo, segundo a assessoria de imprensa presidencial, em relação aos ataques a Odessa, cujo porto é fundamental para os embarques dos cereais.
Os ataques denunciados pela Ucrânia suscitaram a condenação da União Europeia, dos EUA e da Organização das Nações Unidas (ONU), garantes do acordo alcançado na sexta-feira em Istambul para desbloquear a exportação de cerca de 25 milhões de toneladas de cereais presos nos portos do Mar Negro.
Numa cerimónia realizada no Palácio Dolmabahçe, na cidade turca de Istambul, com a parceria da Turquia e da ONU, foram assinados dois documentos - já que a Ucrânia recusou assinar o mesmo papel que a Rússia - devendo o acordo vigorar durante quatro meses, sendo, no entanto, renovável.
Após a assinatura do acordo, as autoridades ucranianas relataram hoje um ataque russo ao porto comercial de Odessa, ponto-chave para a exportação de cereais pelo Mar Negro.
O Governo ucraniano acusou a Rússia de "cuspir na cara" da ONU e da Turquia com o ataque, e, num comunicado citado pelo portal oficial Ukrinfrom, de Kiev, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia afirma que a Rússia deve assumir "toda a responsabilidade" se o acordo alcançado na sexta-feira em Istambul, entre Kiev e Moscovo, for quebrado.
"É um ataque de Vladimir Putin ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e ao Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan", sustenta o porta-voz do ministério, Oleg Nikolenko, recordando o papel de Guterres e Erdogan enquanto supervisores do acordo.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que "condena inequivocamente" o ataque russo contra o porto ucraniano de Odessa.
Também a União Europeia condenou o ataque. "A UE condena veementemente o ataque com mísseis russos ao porto de Odessa. Atingir um alvo crucial para as exportações de cereais, um dia após a assinatura dos acordos de Istambul, é particularmente repreensível", escreveu o Alto-Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, no seu perfil no Twitter.