Antigos militares do Zimbabué apelaram a uma manifestação pública pela destituição do presidente Robert Mugabe, que se recusou a renunciar ao cargo.
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Robert Mugabe, 93 anos de idade e há 37 no poder, fez um discurso à nação, em que era esperada a sua renúncia ao cargo, mas tal não aconteceu.
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Para a associação de veteranos de guerra, o discurso de Mugabe "está completamente desligado da realidade", como afirmou o antigo militar Chris Mutsvangwa à agência France Presse.
"Apoiaremos um processo de destituição e apelamos a uma manifestação na quarta-feira", disse.
No dia em que a União Nacional Africana do Zimbabué - Frente Patriótica (ZANU-PF) destituiu Robert Mugabe da liderança do partido, fontes próximas do presidente avançaram a agências noticiosas internacionais que o estadista renunciaria à presidência do país.
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No entanto, numa mensagem transmitida na televisão estatal, ladeado por vários militares, Robert Mugabe não anunciou qualquer renúncia do cargo.
No discurso, Robert Mugabe afirmou que, apesar da crise política que se vive nos últimos dias, "os pilares do Estado permaneceram funcionais" e que o país precisa "voltar à normalidade".
Apesar de a economia estar a passar por um "período difícil", o ainda presidente do Zimbabué disse que "o Governo mantém-se comprometido em melhorar as condições sociais e materiais do povo" zimbabueano.
Robert Mugabe terminou o discurso dizendo "obrigado e boa noite".
Este domingo, o partido ZANU-PF demitiu-o da liderança e nomeou o antigo vice-Presidente, Emmerson Mnangagwa, como novo líder e candidato para as próximas eleições presidenciais.
Na passada quarta-feira, as forças armadas detiveram Robert Mugabe e a mulher, Grace Mugabe, e garantiram o controlo de todas as instituições governamentais.
A ação político-militar teve as características de um golpe de Estado, uma vez que foram também detidos ou colocados sob prisão domiciliária grande parte dos membros do executivo.
Grace Mugabe foi também expulsa, "para sempre", do partido, bem como os ministros da Educação Superior, Jonathan Moyo, e das Finanças, Ignatius Chombo, próximos de Mugabe.