Os planos para uma terceira pista no aeroporto de Heathrow, em Londres, foram considerados ilegais em tribunal, por colidir com os compromissos do governo em relação às alterações climáticas.
A decisão judicial - a primeira no mundo a basear-se no Acordo de Paris - é um grande golpe para o projeto, num momento em que aumenta a preocupação pública com a emergência climática, que levou o governo de Boris Johnson a estabelecer uma meta de zero emissões de carbono em 2050.
O ex-ministro dos Transportes, Chris Grayling, responsável pela elaboração do projeto, disse que o Acordo de Paris de 2015 não era "relevante" para a política climática e que a avaliação dos planos de acordo com a Lei das Alterações Climáticas de 2008 (menos rigorosa) era suficiente. Mas o tribunal não concordou.
"O Acordo de Paris deveria ter sido levado em consideração pelo [então] ministro. A Declaração de Polícia Nacional [que deu o aval para a nova pista em 2018, com o apoio da maioria dos deputados] não foi produzida conforme a lei exige", justicou o juiz Keith Lindblom, adiantando que o Governo não pediu permissão para recorrer ao Supremo Tribunal.
Agora, há duas opções: o primeiro-ministro - que em 2015 disse que "se deitaria à frente das escavadoras e interromperia a construção" - pode escolher deixar cair o projeto ou o governo pode elaborar um novo documento para tentar que a pista seja aprovada.
Os 80 milhões de passageiros que, por ano, passam por Heathrow fazem do aeroporto um dos mais movimentados do mundo. A terceira pista, que envolveria um investimento de 15 mil milhões de libras (mais de 16 mil milhões de euros) e estaria pronta em 2028, traria mais 700 aviões por dia e 85,5 milhões de passageiros anuais, ao mesmo tempo que causaria também um grande aumento nas emissões de carbono.