António Costa foi recebido ao início da tarde pelo presidente Volodymyr Zelensky. No encontro foram abordados os apoios militar e de reconstrução que Portugal poderá facultar à Ucrânia.
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Na conferência de imprensa que se seguiu ao encontro, no Palácio Presidencial de Bankova, o primeiro-ministro assinalou que Portugal tem assegurado apoio militar, primeiro não letal e depois letal, e anunciou que hoje mesmo aterrou na Polónia mais um avião português com material militar, que, contudo, não especificou.
No âmbito da reconstrução do país, Costa apresentou duas possibilidades: "Estamos disponíveis para apoiar uma zona geográfica ou apoiar a reconstrução de escolas e jardins de infância. Temos renovado o nosso parque escolar, temos experiência nessa matéria".
Zelensky sublinhou a importância de apoio "no aspeto humanitário", tendo em conta a necessidade de "desbloquear os caminhos". Nesse âmbito, apontou uma necessidade concreta: "precisamos de viaturas blindadas", nomeadamente para fornecimento de água e alimentos em zonas ocupadas como Mariupol.
O presidente ucraniano referiu como segundo aspeto a segurança alimentar, assinalando que a Rússia bloqueou quase todos os portos marítimos, dando como exemplo que, neste momento, 22 milhões de toneladas de cereais estão bloqueados pela Federação Russa. "Temos que desbloquear esses caminhos, porque haverá uma segunda crise, depois da energética será a alimentar".
Sobre a proposta de reconstrução, apresentada por Costa, Zelensky também tem resposta clara: "apresentamos solicitações sobre áreas específicas. Estamos a propor o patrocínio sobre uma qualquer cidade".
Já quanto a pedidos concretos de âmbito militar apresentados por Zelensky, António Costa reiterou: "Portugal tem dado todo o apoio disponível para a Ucrânia assegurar a integridade de todo o seu território. Estamos a estudar os diferentes pedidos".
Em relação ao processo de adesão da Ucrânia à União Europeia, Costa elogiou a rapidez com que a Ucrânia respondeu ao "extenso formulário" e disse aguardar as conclusões de Bruxelas. "Aguardamos com expectativa o relatório da Comissão Europeia que será apresentado no Conselho Europeu de Junho. Os processos de adesão são altamente complexos, o nosso levou 9 anos. Todos temos que trabalhar para apoiar a Ucrânia do ponto de vista técnico".
Questionado sobre a possibilidade de, num primeiro momento, se avançar com a integração da Ucrânia no mercado comum europeu, Costa assinalou que Zelensky "conhece bem as dificuldades que a União Europeia tem em sua casa. A UE tem nos últimos anos conseguido superar as suas divisões. O pior que a UE podia fazer em relação à Ucrânia era dividir-se agora".
O presidente Zelensky disse compreender que o processo de adesão "é muito complicado, muitos países passaram por um caminho muito longo", e assinalou: "Mas nós estamos a passá-lo através da guerra. Quero acreditar que Portugal vai estar deste lado, do lado justo". E deixou claras as aspirações ucranianas: "Não precisamos de uma alternativa a sermos candidatos à União Europeia", considerando, assim, que a mera entrada no mercado comum europeu significaria uma cedência, por parte dos Estados europeus, à pressão russa.