O presidente equatoriano, Lenin Moreno, disse que Julian Assange, fundador do WikiLeaks, "não será extraditado para um país onde possa enfrentar a pena de morte".
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"Eu pedi à Grã-Bretanha a garantia de que Assange não será extraditado para um país onde poderia ser torturado ou condenado à morte. O Governo britânico confirmou-me isso por escrito", declarou presidente Moreno numa mensagem, acompanhada de um vídeo de três minutos, na rede social Twitter.
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Segundo Moreno, o "Equador decidiu de maneira soberana retirar o asilo diplomático a Julian Assange por violar repetidamente as convenções internacionais e o protocolo de coabitação".
"Durante seis anos e 10 meses, o povo do Equador garantiu os direitos humanos de Assange e cobriu as suas necessidades diárias nas instalações de nossa embaixada em Londres", declarou Moreno, acrescentando que o "Equador cumpriu as obrigações que lhe incumbem por força do direito internacional".
A paciência do Equador chegou ao limite
Mas "a paciência do Equador chegou ao limite", acrescentou, citando as "repetidas violações" de Julian Assange, entre as quais a violação da "não intervenção nas relações entre Estados".
Desde que Lenin Moreno chegou ao poder, em maio de 2017, o tratamento dado a Julian Assange mudou.
O atual presidente analisou quase todas as políticas do seu antecessor, Rafael Correa, incluindo a sua posição crítica em relação aos Estados Unidos, e acusou o fundador do WikiLeaks de interferir nos assuntos internos do Equador.
O presidente Moreno, que o chamou de "pedra no sapato da diplomacia equatoriana", cortou temporariamente as suas telecomunicações em 2018.
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Assange refugiou-se na embaixada equatoriana na capital britânica em 2012 para evitar a extradição para a Suécia, que solicitou que o fundador do Wikileaks se entregasse por supostos crimes sexuais, um processo que, entretanto, prescreveu.
O Governo britânico agradeceu às autoridades do Equador por facilitarem a detenção, hoje, do fundador do portal WikiLeaks, Julian Assange, na embaixada daquele país em Londres.
"É absolutamente apropriado que Assange enfrente a justiça de forma adequada no Reino Unido. Cabe aos tribunais decidir o que acontece a seguir. Estamos muito gratos ao Governo do Equador, sob o Presidente Moreno, pela ação que eles tomaram", disse o secretário de Estado para a Europa e Américas, Alan Duncan, num comunicado.
Duncan disse que a detenção de Assange esta manhã pela polícia britânica no interior da embaixada do Equador em Londres, onde se encontrava há sete anos, foi o resultado de "um extenso diálogo entre os dois países".
Num comunicado, a polícia indicou que executou um mandado de detenção emitido em 2012 após o Equador ter retirado o direito de asilo ao australiano de 47 anos.
Em 2010, o WikiLeaks divulgou mais de 90 mil documentos confidenciais relacionados com ações militares dos EUA no Afeganistão e cerca de 400 mil documentos secretos sobre a guerra no Iraque. Naquele mesmo ano foram tornados públicos cerca de 250 mil telegramas diplomáticos do Departamento de Estado dos Estados Unidos, o que embaraçou Washington.