
Teorias da conspiração partilhadas no YouTube persuadem os internautas a acreditar que o planeta Terra é plano.
O principal fator para o aumento significativo do número de pessoas que acreditam que a Terra é plana deve-se a um vídeo publicado no YouTube, revelou um estudo realizado pela Universidade de Tecnologia do Texas, EUA.
A suspeita surgiu em 2018, quando se verificou uma maior participação na conferência anual que reúne pessoas que acreditam num planeta azul plano, realizada em Denver, no Estado do Colorado, em comparação com o evento do ano anterior, em Rayleigh, na Carolina do Norte.
Durante a elaboração do estudo académico, foram entrevistados 30 participantes do evento, que relevaram um padrão relativo à forma como se convenceram de que a Terra não é redonda, mas sim um disco que gira no espaço. Dos inquiridos, 29 afirmaram que há dois anos consideravam o planeta redondo, mas mudaram de opinião depois de assistirem a vídeos no YouTube que promovem essa teoria.
Segundo Asheley Landrum, líder da investigação, o vídeo "200 provas de que a Terra não é um globo a girar", publicado em 2016, é um dos mais populares, uma vez que os argumentos, ainda que falsos, são aparentemente convincentes. Alguns dos entrevistados afirmaram ter visto outros vídeos com teorias sobre o tema, adiantando que só este os convenceu.
Os resultados deste estudo foram apresentados na reunião anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência, em Washington. "Há muita informação útil no YouTube, mas também muita desinformação", afirmou Asheley Landrum, citada pelo jornal The Guardian. "Acreditar que a Terra é plana não é necessariamente prejudicial, mas está associada a desconfiança nas instituições e na autoridade em geral. Queremos que as pessoas sejam consumidoras críticas da informação que recebem, mas há um equilíbrio a ser obtido", acrescentou.
A investigadora convidou os cientistas a criarem vídeos no YouTube para combater a propagação de vídeos com este género de informações.
"Haverá sempre uma pequena percentagem de pessoas que vão rejeitar qualquer coisa que os cientistas digam, mas talvez haja um grupo que aceite", afirmou Asheley. "A única ferramenta que temos para combater a desinformação é tentar sobrecarregá-la com melhores informações", acrescentou.
