
Emigrantes portugueses na Suíça
Leonel de Castro/Global Imagens
A emigração para a Suíça caiu para metade entre os anos 2013/2017, mas o país da pontualidade, dos relógios, da eficiência e do ar puro das montanhas lidera em pedidos de cidadania por parte de portugueses.
Em cinco anos, segundo dados do Observatório da Emigração, mais de 16 mil portugueses obtiveram nacionalidade suíça. Em 2017, últimos dados disponíveis, somaram-se cerca de 4000 casos. A possibilidade de progressão na carreira e o tratamento igualitário são alguns dos argumentos apresentados pelos emigrantes.
Na tabela dos países com mais nacionalizações surge, em segundo lugar, os Estados Unidos, em terceiro o Luxemburgo, em quarto a Alemanha e em quinto o Reino Unido. França estaria em segundo lugar se repetisse os valores de 2016 em 2017. Mas não há dados que permitam fazer esse balanço.
A Suíça foi muito procurada pelos portugueses nas décadas de 80 e 90, nomeadamente início dos anos 90. Em 1991, registou-se um pico de emigração só repetível em 2013, igualmente com valores a rondar as 20 mil entradas. Em 2017, caiu para 9257 entradas.
José Carlos Laranjo, investigador especializado na emigração para a Suíça, explica que serão fundamentalmente três as razões para esta realidade. "É provável que os portugueses - filhos e netos de emigrantes - estejam muito integrados na sociedade helvética e equacionem desta forma garantir a integração." Em segundo lugar, "podem querer evitar situações de tratamento diferenciado", não só por serem estrangeiros, mas também por a Suíça não pertencer à União Europeia. Em terceiro lugar, pesará o facto de a Suíça não integrar a União Europeia.
Crédito facilitado
Os emigrantes franceses não sentem tanto a necessidade de obter a cidadania para se sentirem legalmente protegidos, explica. Além de que a Suíça mantém por resolver o problema da livre circulação na UE. "A votação do referendo de 2014 foi no sentido de terminar a livre circulação, mas desde essa altura que a negociação prossegue sem desfecho", lembra o investigador.
"Acontece um pouco como com o Brexit: a Suíça quer impor medidas restritivas à circulação de pessoas mas não quer que se apliquem as mesmas regras a bens e serviços", declara.
Nuno Santos, gestor de uma associação de Apoio à Comunidade Portuguesa na Suíça, aponta múltiplas vantagens à aquisição de nacionalidade. "É a garantia de tratamento igualitário no acesso a uma carreira e às oportunidades que a Suíça proporciona." Além de que facilita a resolução de problemas concretos. "Para pedir crédito, abrem-se mais portas", exemplifica, ressalvando que "não será diferente em Portugal".
Os jovens poderão estar a beneficiar de alguma abertura legislativa mais recente, diz José Carlos Laranjo. Caso reúnam as regras base, não precisam de apresentar tantos elementos. É um lado da moeda. O outro: a prometida simplificação está a defraudar expectativas (ver ao lado). A corrida pela nacionalização não descolou.
SABER MAIS
Top 5 do ranking
A seguir à Suíça, os países onde tem havido mais nacionalizações de portugueses são os Estados Unidos, o Luxemburgo, a Alemanha e o Reino Unido.
Onde somos mais?
A França continua a ser o país do Mundo com mais portugueses emigrados, ultrapassando o meio milhão (615,573 em 2014). A Suíça é o segundo país do Mundo onde residem mais emigrantes portugueses (220,904 em 2017). Os outros países em que residem mais de 100 mil emigrantes portugueses são, por ordem decrescente, os EUA, o Canadá, o Reino Unido, o Brasil e a Alemanha (123 mil, em 2017).
