Um jornalista da BBC teve um "comportamento desonesto" para garantir uma entrevista com a princesa Diana em 1995, numa "violação grave" das normas da emissora britânica, concluiu um inquérito interno.
O juiz aposentado John Dyson, que a BBC encarregou em novembro de liderar a investigação, disse que a estação pública "ficou aquém dos elevados padrões de integridade e transparência" esperados.
O inquérito pretendeu esclarecer as acusações feitas pelo irmão de Diana, Charles Spencer, de que o jornalista Martin Bashir teria usado documentos falsos e outras manobras para persuadir Diana a aceitar dar a entrevista. Spencer alegou que Bashir mostrou extratos bancários falsos relacionados com o ex-secretário particular da irmã e de outro ex-membro da família real com o objetivo de chegar à princesa.
A entrevista, em que Diana disse a conhecida frase "Éramos três neste casamento" - referindo-se ao relacionamento do príncipe Carlos com Camilla Parker-Bowles -, foi vista por milhões de telespetadores e abalou a monarquia.
"Falhas inaceitáveis"
O presidente da BBC, Richard Sharp, disse nesta quinta-feira que a empresa aceita as conclusões da investigação, acrescentando que "houve falhas inaceitáveis".
John Birt, diretor-geral da BBC na época da entrevista, que foi transmitida no âmbito do programa de reportagens "Panorama", pediu desculpas a Charles Spencer em comunicado. "Agora sabemos que a BBC abrigou um repórter desonesto no "Panorama" que inventou um testemunho elaborado e detalhado, mas totalmente falso, das suas relações com o conde Spencer e a princesa Diana", escreveu, lamentando a "mancha chocante no compromisso duradouro da BBC com o jornalismo honesto". "É muito lamentável que tenha demorado 25 anos para que toda a verdade emergisse", acrescentou.