
Comissão de inquérito vai avaliar alegadas omissões do Governo brasileiro no combate à pandemia
Antonio Lacerda/EPA
O Brasil somou 1139 mortos e 28.636 casos de covid-19 nas últimas 24 horas, elevando o total para 391.936 óbitos e 14.369.423 infeções desde o início da pandemia.
Os dados fazem parte do último boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde brasileiro, que dá conta de uma taxa de incidência da doença no país de 187 mortes e 6838 casos por 100 mil habitantes.
Tal como vem acontecendo desde o início da pandemia, os números reportados durante os fins de semana e segundas-feiras acabam por ser inferiores aos registados na semana imediatamente anterior devido à falta de recursos humanos para testar e recolher os dados, sendo que estes acabam por ser consolidados às terças-feiras, segundo explicações da própria tutela.
O Brasil, com 212 milhões de habitantes, continua a ser um dos países mais atingidos pela pandemia em todo o mundo, ocupando a segunda posição mundial na lista de nações com maior número absoluto de vítimas mortais e a terceira com mais casos de infeção.
Geograficamente, São Paulo é o foco da pandemia no país, com 2.838.233 diagnósticos de covid-19, sendo seguido por Minas Gerais (1.325.022), Rio Grande do Sul (949.965) e Paraná (931.343).
Já as unidades federativas que concentram mais óbitos são São Paulo (92.798), Rio de Janeiro (42.927), Minas Gerais (32.414) e Rio Grande do Sul (24.266).
Não estiquem a corda mais do que está esticada
Faltando apenas um dia para arrancar a comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investigará, no Senado, alegadas omissões do Governo brasileiro no combate à pandemia, o presidente Jair Bolsonaro negou qualquer preocupação com as apurações de que será alvo.
"Não estou preocupado porque não devemos nada", afirmou Bolsonaro em declarações à imprensa local, no Estado da Bahia, onde voltou a criticar governadores e prefeitos por decretarem medidas de isolamento social para travar a disseminação do vírus.
Questionado se usaria as Forças Armadas para impedir os governadores de adotarem medidas restritivas, Bolsonaro ameaçou: "Não estiquem a corda mais do que está esticada".
"[Os governadores] estão seguindo o artigo quinto da Constituição? Está sendo respeitado o direito de ir e vir, o direito de a pessoa ter um emprego, ocupar o tempo para exercitar a sua fé? É só ver se isso está sendo respeitado ou não", afirmou o mandatário.
"É inconcebível os direitos que alguns prefeitos e governadores tiveram por parte do Supremo Tribunal Federal. É inconcebível. Nem estado de sítio tem isso", criticou Bolsonaro, que desde o início da pandemia defende a reabertura económica e o fim do isolamento social.
Tendo em conta esses posicionamentos por parte do chefe de Estado, além de outras situações graves registadas no país, como a falta de oxigénio nos hospitais de Manaus, foi instaurada uma CPI para investigar alegas omissões do Governo na pandemia, assim como eventuais usos irregulares de verbas destinadas ao combate à doença em Estados e municípios.
A criação da CPI é um novo revés para o Governo de Bolsonaro, que desde o início da pandemia minimizou a gravidade da covid-19, a qual classificou de "gripezinha", continua a censurar a adoção de medidas de isolamento social e chegou a pôr em dúvida a eficácia das máscaras.
