Reconhecendo, esta sexta-feira, que "existe uma enorme pressão sobre os serviços de saúde pública", a diretora-geral da Saúde anunciou que as equipas vão ser reforçadas com alunos de enfermagem, que ajudarão a fazer inquéritos epidemiológicos e detetar contactos de risco.
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No dia em que Portugal registou, pelo terceiro dia consecutivo, um novo máximo de novos casos de infeção (2608 casos), a diretora-geral da Saúde reconheceu que "existe uma enorme pressão sobre os serviços de saúde pública". "Estamos com muitos doentes e casos e a investigação epidemiológica implica que a partir de cada caso diagnosticado se vá à procura dos contactos", que são divididos em alto risco - obrigados a ficar em isolamento - e baixo - não têm de o fazer, mas têm de cumprir as regras de segurança e distanciamento.
Nessa linha, "está a ser feito um reforço das equipas de saúde pública" com alunos estagiários, na sequência de "um contacto do Ministério da Saúde com o Ministério do Ensino Superior para que, através das escolas de enfermagem, os alunos dos últimos anos, acompanhados com os professores" pudessem fazer estágio nas unidades de saúde pública, orientados numa fase inicial pela DGS. Esses estudantes vão ajudar a fazer os inquéritos epidemiológicos, a detetar contactos "o mais rapidamente possível" e a acompanhá-los.
Se for preciso, recorre-se aos privados mas reforçar SNS é "prioridade"
Quanto aos contactos entre o setor público e o setor privado caso a situação do Serviço Nacional de Saúde se agrave, e que foram sinalizados pelo Presidente da República, o secretário de Estado da Saúde disse que "o SNS tem uma relação já longa e profícua com o setor privado e social", com contactos diários. "Caso seja necessário recorreremos a soluções desse âmbito", assegurou, ressalvando que "a prioridade, que já tem alguns anos, é o reforço do SNS e da capacidade do SNS".
Natureza das sequelas por confirmar
Desde o início da pademia, já morreram 860 utentes em lares, 349 pertencentes à região Norte, 152 à região Centro, 333 a Lisboa e Vale do Tejo, 20 ao Alentejo e seis ao Algarve.
Questionada sobre as eventuais sequelas manifestadas em pessoas que tiveram covid-19, a diretora-geral da Saúde sublinhou que ainda não há "certeza absoluta" sobre a natureza das mesmas. As sequelas do foro neuromuscular e relacionadas com a perda de capacidade física "podem ter diretamente a ver com a doença covid" ou "com o facto de alguns destes doentes terem tidos internamentos prolongados nomeadamente em unidades de cuidados intensivos".
Segundo a diretora-geral, "quem fica em unidades de cuidados de intensivos, nomeadamente ventiladas e por períodos longos, independentemente da doença que deu origem a esse internamento, pode apresentar sequelas que muitas vezes não ficam permanentemente" e podem ser reversíveis, por exemplo, com fisioterapia. "Temos de saber a que se devem [os sintomas]: se à covid ou às consequências do tratamento e do internamento", adiantou, notando que os médicos que deram alta aos doentes em causa "acompanham a sua convalescença e vão monitorizando o aparecimento e desaparecimento destas sequelas". "É um trabalho normal e é normal que existam estudos descritivos que dizem isso: quantos ficaram com sequelas e o que aconteceu."
Público em eventos desportivos equacionado mas com cautela
A presença do público em eventos desportivos, como a Fórmula 1 e o Moto GP, está ser equacionada, "conforme a situação na região do país". "Estamos a ser muito cautelosos", defendeu Graça Freitas, indicando que a DGS está ainda a definir que eventos se realizam e com que lotação.
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1 milhão e 683 mil já fizeram o download da StayAway Covid
Já foram feitos 1 milhão e 683 mil downloads da aplicação de rastreio StayAway Covid e inseridos 179 códigos, relativos a doentes infetados, adiantou o secretário de Estado da Saúde. A proposta sobre a obrigatoriedade da instalação da aplicação "foi enviada pelo Governo à Assembleia da República e cremos que é lá que esse debate deverá ser realizado", acrescentou Diogo Serra Lopes, acrescentando que as autoridades de saúde irão aguardar a decisão que sairá do Parlamento.