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Nas gerações mais jovens, já quase não há diferença no salário de quem acabou o 12.º ano na via regular ou na via profissional. E a diferença que existe deve-se à discriminação feita pelos empregadores, conclui um estudo da Católica de Lisboa e da Universidade de Amesterdão. Sucessivos Governos têm mostrado intenção de reforçar a via profissional, mas Portugal está ainda longe de atingir a metade dos estudantes do Secundário.
O estudo "Flutuações na diferença salarial entre o ensino vocacional e regular" olha para os trabalhadores que têm o Ensino Secundário, mas não completaram um curso superior, e divide-os em três grupos, explica o investigador Pedro Raposo. Um começou a trabalhar nos anos 70; outro nos anos 80 e o terceiro a partir dos anos 90.
A análise obteve três grandes conclusões. Primeiro, os trabalhadores mais velhos, vindos do profissional, ganham menos do que os da via regular, mas a diferença esbate-se entre os mais jovens. Segundo, os alunos do profissional podem ter notas mais baixas do que os do ensino regular, mas quando começam a trabalhar são profissionais de igual qualidade. Terceiro: se há uma diferença salarial, é porque as empresas discriminam quem vem do profissional.
Um preconceito que Pedro Castro, diretor-geral da Profitecla, garante estar a desaparecer: "A sociedade já valoriza mais o profissional e a imagem de facilitismo está diluída". A Profitecla domina o ranking do JN deste ano e tem uma taxa de empregabilidade média superior a 75%, assegura.
A alta probabilidade de terem trabalho quando saem do Secundário é um argumento a favor do profissional. Outro é a possibilidade, inaugurada no ano passado, de as universidades desenharem provas de acesso mediante a formação dada a estes jovens. A Profitecla reforça a ligação ao Superior mediante acordos com politécnicos.
A rede da Profitecla também abrange empregadores. "Estamos atentos e arriscamos quando vemos que são necessárias determinadas formações", disse Pedro Castro. É o caso do curso em logística que abrirá no próximo ano, mediante um acordo assinado com a associações de transportadores rodoviários, a ANTRAM. "Poderá não ser o sonho de um jovem do 9.º ano, mas haverá trabalho para quem queira esta via".
"falta vontade política"
O ensino profissional tem sido a aposta de sucessivos Governos, mas sem alguma vez passar à prática. Portugal chegou a definir como meta para o ano 2000 ter metade dos alunos do secundário nesta via, mas está longe de atingir a meta.
E, a este ritmo, diz José Luís Presa, da Associação de Escolas Profissionais, "nunca mais lá chegamos". O que falta é "vontade política" para "fazer o que é necessário": reduzir o número de turmas na via científico-humanística, para aumentar na profissional. v
