As taxas de cobertura de todas as vacinas recomendadas no Plano Nacional de Vacinação (PNV) avaliadas até aos sete anos permanecem muito elevadas (acima dos 95%), mas a Direção-Geral da Saúde chama a atenção dos pais e profissionais de saúde para algum atraso na imunização aos 12 meses, que inclui as vacinas contra o sarampo, rubéola, papeira e meningite C.
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No ano passado, a vacinação atempada até aos 12 meses ficou-se pelos 82%. Ainda que aos 24 meses, estas vacinas atinjam uma cobertura de 98% "há aqui algum descuido" temporal que "numa doença tão transmissível como o sarampo e numa idade em que as crianças já estão nos infantários, pode gerar alguns casos", avisa Teresa Fernandes, coordenadora do Plano Nacional de Vacinação da DGS.
De acordo com o boletim de vacinação 2023 da DGS, a que o JN teve acesso, "a meta dos 95% é crítica para o sarampo, por ser altamente transmissível e por estas crianças estarem em infantários, facilitadores da sua transmissão". A causa do "descuido" está a ser estudada, mas Teresa Fernandes acredita que estará mais do lado dos pais do que dos profissionais de saúde porque os sistemas informáticos emitem alertas quando os prazos são ultrapassados.
A "repescagem" dos utentes atrasados é a forma de trabalhar e o garante do sucesso do PNV, destaca a coordenadora, realçando que os atrasos ocorridos na pandemia, por dificuldades das unidades de saúde ou receio dos utentes, "já foram compensados".
De resto, a covid-19 teve um efeito positivo nas taxas de imunização. "O facto do tema da vacinação ter entrado na ordem do dia e de as pessoas terem percebido que foram as vacinas que conduziram à normalidade fez com que valorizassem ainda mais a vacinação".
Meningite B atingiu meta
O boletim da DGS indica que a vacina contra a meningite B, introduzida no PNV em plena pandemia (2020), "já atingiu a rotina, com valores muito elevados e semelhantes aos das restantes vacinas recomendadas na mesma idade".
O mesmo ainda não aconteceu com a cobertura da vacina do HPV (vírus do papiloma humano) nos rapazes. A adesão à primeira dose é "excelente", mas a segunda dose (seis meses depois) ainda não atingiu a meta dos 85%, ou seja, "ainda não atingiu a rotina na população masculina". Teresa Fernandes diz que é preciso reforçar a mensagem de que esta vacina é importante para reduzir o risco de cancro do ânus, do pénis e da cabeça e pescoço.
Quase 90% das grávidas vacinadas
A cobertura vacinal da grávida, para proteger o recém-nascido contra a tosse convulsa mantém-se nos 89%, refere o relatório da DGS. Desde a implementação da vacinação na gravidez, em 2017, que a incidência da doença desceu significativamente. Segundo Teresa Fernandes, desde que a vacinação das grávidas arrancou, os casos de tosse convulsa baixaram. Segundo dados preliminares de 2022, houve nove casos de tosse convulsa, três dos quais em bebés com menos de um ano.
Elevada cobertura nos primeiros anos
No primeiro ano de vida, 98% a 99% das crianças foram vacinadas com todas as vacinas e doses previstas no PNV para esse grupo etário. As vacinas e doses avaliadas até aos 7 anos atingiram ou ultrapassaram, em geral, a meta dos 95% de cobertura.