Pela primeira vez em 17 anos, o projeto de reintrodução do lince-ibérico na Península, que entrava agora na sua quarta edição, não receberá apoios financeiros de Bruxelas.
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A informação foi confirmada ao JN por fonte oficial da Comissão Europeia. Os promotores estão já a trabalhar numa nova candidatura, que tem de ser submetida até ao próximo dia 19.
Chama-se Life+ Iberlince, foi lançado em 2002, na altura apenas na Andaluzia, quando só havia 92 linces em toda a Península Ibérica. Volvidos 17 anos, contam-se mais de 600 linces, com populações também no Vale do Guadiana. Razão pela qual, aliás, em 2015 o lince- ibérico deixou de ser considerada uma espécie em perigo crítico de extinção.
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Ao JN, fonte da Comissão Europeia confirmou que a "proposta de projeto sobre o lince-ibérico, apresentada no âmbito do Convite 2018, não será financiada, porque não passou com sucesso o processo de avaliação". Contudo, frisa a mesma fonte da Comissão, a entidade promotora, a Junta de Andaluzia, foi "convidada a candidatar-se à chamada atual 2019 com uma proposta nova e melhorada". O prazo termina no próximo dia 19 deste mês.
Portugal é parceiro
Contactada pelo JN, fonte oficial do Ministério do Ambiente e Transição Ecológica, que tutela o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), fez saber que a "informação solicitada [por Bruxelas] não diz diretamente respeito ao papel que Portugal assume no projeto". Sublinhando, ainda, que a candidatura é liderada pela Andaluzia, sendo "o ICNF um dos parceiros".
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Ainda de acordo com os esclarecimentos prestados pelo ministério tutelado por João Pedro Matos Fernandes, a Junta da Andaluzia, "em nome dos restantes parceiros - a maior parte espanhóis e em Portugal, além do ICNF, as Infraestruturas de Portugal e a Comunidade Intermunicipal Baixo Alentejo -, encontra-se a refazer o projeto para nova submissão ainda este ano". Em causa, precisa a tutela, a necessidade de enviar "mais informação, nomeadamente os objetivos já alcançados com o projeto".
Nesta quarta edição estava previsto um investimento de cerca de 27 milhões, devendo a comparticipação europeia oscilar entre os 60% e os 75%. O remanescente, de acordo com o diário espanhol "El Mundo", seria financiado pelas comunidades de Castilha-La Mancha, Estremadura, Portugal, mas também por organizações como o World Wildlife Fund. De acordo com a mesma notícia, a Junta da Andaluzia terá avançado com fundos próprios para que o projeto não seja interrompido.
Observadas mais dez crias no Vale do Guadiana
A população do lince-ibérico no Vale do Guadiana continua a aumentar. Ainda no início desta semana, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) anunciava terem sido observadas dez crias, provenientes de três fêmeas. De acordo com o ICNF, "12 fêmeas poderão ter-se reproduzido". Refira-se que as previsões apontam para cerca de 30 nascimentos, neste ano, no Vale do Guadiana. Números que levam Portugal e Espanha a acreditar que, dentro de poucos anos, passará a ser considerada uma espécie vulnerável.