No ano passado, 8223 fogos rurais - o número mais baixo desde 2010 - percorreram 28 415 hectares, uma área inferior em 78% à média do decénio, segundo o balanço apresentado ontem na reunião do Conselho de Coordenação da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), presidido pelo primeiro-ministro.
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Embora as chuvas dos últimos dias sirvam para amenizar a situação de seca, que neste ano potenciou já uma área percorrida pelo fogo de sete mil hectares até ao final de fevereiro, foram apresentadas algumas ações críticas e iniciativas prioritárias para enfrentar os fogos rurais.
Entre elas, está a identificação, num mapa de perigosidade a publicar em breve, de locais com maior exposição a danos, de que são exemplo as áreas florestais de Paredes e Valongo, na região do Porto, devido aos ventos de leste, ou a vulnerabilidade de cidades e infraestruturas críticas.
É o caso das duas "entradas de fogo" na cidade de Coimbra - correspondentes às estradas de Vila Nova de Poiares e da Lousã - nas quais a Câmara Municipal foi instada a limpar matos e outros combustíveis, exemplificou ao JN o presidente da AGIF, Tiago Oliveira.
O mesmo se passa com cerca de quatro mil hectares de terrenos junto de linhas ferroviárias e de oito mil adjacentes a rodovias, que a Infraestruturas de Portugal tem de tratar.
Menos vítimas mortais
Outra medida é a gestão de combustíveis, com ações de fogo controlado e corte mecânico, uma tarefa para o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, além da sensibilização para os problemas do uso do fogo em queimas e queimadas.
O uso do fogo foi a principal causa determinada de ocorrências em 2021, num total de 2732, sendo seguida pelo incendiarismo, com 1244, e por acidentes (748).
Feitas frequentemente por pessoas idosas e sozinhas, sem capacidade para controlar o fogo, as queimas e queimadas estão na origem de acidentes, por vezes mortais: no ano passado, morreram quatro pessoas, mais uma do que em 2020, mas menos que as 12 em 2018 e as dez em 2019.
Na reunião, foi ainda apontado o envolvimento das populações no esforço de redução das ignições, um objetivo em progresso: 2021 foi o ano com a menor taxa nos dias de maior risco, com 45 ocorrências, menos 54% do que a média de 99 registadas no decénio 2010-2019. A meta para 2030 é de 20.
O aumento da eficiência, designadamente na supressão dos fogos, é outro objetivo. Em 2021, as taxas de reacendimentos de incêndios reduziram de 15% para 2,3%, quando a meta para o ano passado era de 5%, em parte graças a maior disponibilidade de meios e também a melhorias na formação de operacionais (mais de seis mil frequentaram ações no ano passado).