
Há doentes com problemas sociais que recorrem frequentemente às Urgências
Leonel de Castro/Global Imagens
Papel e expectativas das autarquias na transformação do SNS será um dos temas em análise na conferência promovida pela Fundação para a Saúde.
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O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares considera "fundamental" a articulação entre as autarquias e o setor da saúde no processo de transformação e melhoria do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Não só porque os municípios "têm um papel importante no apoio social às populações", como o planeamento urbano pode contribuir para "induzir comportamentos saudáveis". O papel e as expectativas das Autarquias na saúde é um dos temas que, no próximo dia 11, estarão em debate na conferência "Estados Gerais - Transformar o SNS".
Xavier Barreto vai moderar um dos painéis do evento, organizado pela Fundação para a Saúde - SNS. O objetivo da iniciativa é pôr todos a refletir sobre o serviço de saúde. Incluem-se os doentes, os profissionais, o setor privado, investigadores e associações (ver ficha).
"Estamos num momento muito particular, em que saímos de uma pandemia. Temos vários problemas para resolver e um novo modelo de governação do SNS. Há, claramente, um novo contexto e uma nova oportunidade que temos de agarrar. A importância deste tipo de debate é juntarmos, à volta da discussão, todos os que possam ajudar a fazer a reflexão do que é necessário mudar no SNS para que ele vá mais ao encontro das necessidades dos cidadãos", nota Xavier Barreto.
Questionado sobre o papel das autarquias na transformação do SNS, Xavier Barreto diz ser "fundamental" existir uma articulação. "Os municípios têm um papel importante no apoio social às populações. Sabemos que muitos dos nossos doentes, particularmente os crónicos que recorrem frequentemente ao serviço de Urgência, têm problemas sociais", diz Xavier Barreto, dando como exemplo os "rendimentos insuficientes para comprar os medicamentos que necessitam".
doentes ouvidos
"Estes doentes que chegam ao serviço de urgência deviam ser imediatamente sinalizados para os municípios da sua área de residência. A articulação entre o poder autárquico e a rede de saúde é fundamental", frisa.
Os utentes também são chamados ao debate. "Os doentes têm sido sempre muito colocados à margem da discussão, quando sabemos que eles querem ter um papel diferente. Até no próprio planeamento dos serviços de saúde", refere.
"Embora tenha havido um progresso nas últimas décadas, a verdade é que importa refletir de que maneira podemos intervir por forma a contornar dificuldades, seja de recursos humanos ou equipamentos", sublinha António Leuschner, um dos organizadores da conferência no Porto.
Debate
Painéis
A primeira conferência sobre os "Estados Gerais - Transformar o SNS" conta com quatro painéis. O primeiro tem como tema a "gestão da mudança" na transformação do serviço de saúde. Há ainda uma mesa redonda sobre "realidades locais transformadoras" e dois espaços participativos, onde serão ouvidas críticas e propostas de várias entidades.
Ministro presente
A sessão de encerramento está a cargo do ministro da Saúde, Manuel Pizarro.
Calendário
Debates em torno do SNS vão percorrer o país
Os debates em torno dos "Estados Gerais - Transformação do SNS", organizados pela Fundação para a Saúde - SNS, vão percorrer o país. A primeira conferência realiza-se no Porto, já no dia 11 de fevereiro. O evento terá lugar no complexo partilhado pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e pela Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto. No dia 1 de abril, o debate será em Évora. Coimbra recebe o evento a 12 de maio e, em junho, será a vez de Setúbal (dia por definir). O objetivo é que haja mais conferências ao longo do segundo semestre deste ano e no próximo ano.
