Pelo segundo ano consecutivo em pandemia, a CGTP assinala o Dia do Trabalhador nas ruas de Lisboa. Pela segunda vez há marcas no chão, de modo a garantir o distanciamento social. Os manifestantes estenderam-se por duas das três áreas relvadas da Alameda. Tal como no ano passado, todos usam máscara.
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"Lutar pelos direitos, combater a exploração!", lê-se no palco montado pela central sindical. De um lado e de outro há bandeiras de várias cores, agitadas pelo vento frio - já pouco comum nesta altura do ano, mas que se fez sentir na capital.
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Minutos antes da chegada dos dois desfiles de trabalhadores que desembocaram na Alameda, ouviram-se pela primeira vez os altifalantes: "Há umas bandeirinhas no chão a assinalar os locais a ocupar. Pedimos que respeitem o distanciamento".
Logo depois, ao som de tambores e bombos, e enquanto as colunas de som faziam ecoar palavras de ordem, os manifestantes foram-se posicionando. Tanto quanto o JN conseguiu observar, os manifestantes tinham todos a máscara colocada. As raras exceções eram alguns curiosos que iam percorrendo as duas margens da Avenida.
Em 2020, a concentração ocupou as três áreas relvadas do local. Este ano, há gente em apenas duas, mas fonte da PSP confirmou ao JN que está presente mais gente do que há um ano. No entanto, de acordo com a mesma fonte, as regras sanitárias estão a ser cumpridas.
No altifalante que animou a tarde antes do discurso da secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, lembrava-se que muitos trabalhadores nunca pararam de trabalhar durante a pandemia, nem entraram em confinamento. "Por isso não fechámos as portas e continuámos a garantir direitos".
CGTP quer aumento de 90 euros nos salários
A líder da CGTP, Isabel Camarinha, exigiu o aumento de 90 euros nos salários nos setores público e privado em 2022, bem como a subida do salário mínimo para 850 euros "a curto prazo". A sindicalista defendeu que a CGTP acertou ao nunca ter deixado as ruas durante a pandemia, uma vez que o vírus "expôs e agravou" desigualdades.
"A CGTP e os seus sindicatos de classe não se confinam", afirmou Isabel Camarinha. Embora sem mencionar a UGT - que repetiu a receita de 2020, assinalando o 1.º de Maio apenas nas redes sociais -, atirou: "Não ficámos exclusivamente na Internet enquanto milhares de trabalhadores se deslocavam para o trabalho em transportes à pinha".
Para a sindicalista, o aumento dos salários em 2021, ainda que "insuficiente", provou que Portugal deve continuar a seguir esse caminho. "O país não vai desenvolver-se com este modelo de baixos salários", sustentou.
Em Lisboa, o sentimento entre os manifestantes era de que a pandemia veio agravar as dificuldades já existentes. No próximo sábado, dia da cimeira informal dos líderes dos Estados-membros da UE, no Porto, a CGTP organiza um protesto na Invicta.