Validade para os tratamentos dos 7, 10 e 13 anos alargada até ao final do ano devido às dificuldades da pandemia.
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A taxa de utilização dos cheques-dentista, até 27 de outubro, era de apenas 70,38%, menos 13,83 pontos percentuais do que no período homólogo do ano passado. As dificuldades de marcação de consultas devido à pandemia levaram a Direção Geral de Saúde (DGS) a prolongar a validade dos vales dos 7, 10 e 13 anos, que terminava sábado (31 de outubro), até ao final deste ano.
De acordo com a DGS, este ano, foram emitidos 403 790 cheques-dentista, porém, até aos últimos dias de outubro, estavam por utilizar 119 602. Mas como os dentistas estiveram impedidos de trabalhar durante dois meses, "se analisarmos o número de meses trabalhados (8 meses), a taxa de utilização este ano é superior (70,38%) face ao ano anterior (68,47%)".
Na retoma, com "o receio natural das pessoas e alguns médicos dentistas a abandonar o cheque-dentista, não será difícil adivinhar que os resultados não serão melhores [face a anos anteriores]", explicou Manuel Nunes, membro do Conselho Diretivo da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD). Lançado em abril de 2009 para as crianças e jovens (começou por ser distribuído a idosos e grávidas), o cheque-dentista tem tido taxas de utilização a rondar os 75%.
Difícil fazer marcação
A DGS explicou que os utentes estão a reportar "dificuldade na marcação de consultas até 31 de outubro de 2020, razão que levou à prorrogação da validade de todos os cheques-dentista Saúde Oral Crianças e Jovens 7, 10 e 13 anos, para 31 de dezembro de 2020, para todos os que se encontravam no estado emitido ou em curso". A informação avançada foi difundida por algumas administrações regionais de Saúde, o que também mereceu críticas da OMD. "Ainda que se compreenda o período pandémico e de grande imprevisibilidade que levou a alterações de última hora, teria sido recomendável uma colaboração direta com a OMD para garantir que o prolongamento fosse devidamente comunicado quer aos médicos dentistas quer aos utilizadores", considerou Manuel Nunes.
A diminuição da utilização dos cheques-dentista deste ano não ficará a dever-se, segundo a OMD, ao valor extra que muitos profissionais cobram, em tempo de pandemia, pelos equipamentos de proteção individual. Aliás, denuncia a OMD, os dentistas estão a "financiar um programa que devia ser pago pelo Estado", uma vez que o que o Estado lhes paga pelo cheque-dentista "não chega para pagar o material de consumo clínico que se utiliza", estando o referido valor por atualizar "desde o tempo da troika".
Taxa de infeção dos médicos é inferior a 0,5%
Um inquérito da Ordem dos Médicos Dentistas, em agosto, junto de 3800 dentistas, revelou que 99,5% não se contaminou em ambiente clínico. Segundo o bastonário, Miguel Pavão, "o número de casos de covid-19 em médicos dentistas é muitíssimo reduzido, quer em Portugal quer nos restantes países da Europa ou EUA".