O número de crianças ucranianas integradas em escolas portuguesas aumentou de cerca de 1900 para 2115, de terça para quarta-feira, revelou o ministro da Educação, João Costa, após uma visita à EB 2,3 de Marrazes, em Leiria, onde esteve esta manhã.
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João Costa explicou que as escolas sinalizam as suas necessidades em termos de docentes de português língua não materna e a colocação vai sendo feita. "Temos muitos professores, alguns aposentados, que se têm disponibilizado para apoiar."
"Há um grande sentimento de solidariedade e vontade de ajudar, seja no ensino do português, seja na exploração do português língua de acolhimento, criada há dois anos, que visa capacitar os adultos para o ensino da língua", afirmou.
Guiões de trabalho para escolas
O ministro revelou ainda que foi publicado e enviado esta quarta-feira às escolas novos guiões de trabalho para a integração das crianças refugiadas, a partir do pré-escolar, com sugestões práticas e orientações indicativas e não normativas.
A título de exemplo, referiu o recurso a estudantes ucranianos que já estavam a estudar nas escolas portuguesas como "mediadores e mentores dos alunos que chegam" e a utilização de materiais didáticos que o governo ucraniano disponibilizou, para utilizar nas salas de aula.
O objetivo é também ensinar aos alunos portugueses como é que se pronunciam as palavras em ucraniano, através de jogos de sensibilização. Além disso, estes estudantes estão a assumir o papel de padrinhos e madrinhas, tendo a responsabilidade de promover a integração das crianças e jovens ucranianos.
Escola como espaço de felicidade
"Estas crianças fogem de uma guerra, estão em contexto de trauma, são bombardeadas com imagens do seu país a ser destruído, veem o seu bairro a ser atacado, deixaram os seus pais e os seus avôs para trás", observou João Costa. "A escola tem de ser um espaço de felicidade."
Após ter visitado a EB 2, 3 Correia Mateus e a EB 2, 3 de Marrazes, o ministro elogiou o trabalho que tem sido feito pelo Município de Leiria no concelho, que integrou 96 crianças ucranianas nas escolas. "Estivemos numa reunião, com o senhor secretário de Estado, para colher as práticas que estão a ser implementadas, que queremos divulgar por todas as escolas."
"Fizemos questão que a nossa primeira saída fosse a uma escola TEIP [Território Educativo de Intervenção Prioritária], multicultural, com alunos de mais de 30 nacionalidades", referiu João Costa, em alusão ao Agrupamento de Escolas de Marrazes.
O ministro anunciou também que o programa TEIP foi alargado a escolas que têm uma percentagem elevada de alunos migrantes, para que tenham recursos adicionais, para gerir o multilinguismo e o português língua não materna.