26 locais identificados para estacionamento de autocarros na JMJ, mas nenhum no Eixo Norte-Sul
José Sá Fernandes, coordenador do grupo de projeto de preparação da Jornada Mundial da Juventude, confirmou ao JN que o Eixo Norte-Sul, em Lisboa, não será cortado para servir de parque de estacionamento no evento católico, desmentindo o diretor-nacional da PSP, Magina da Silva, que, na quinta-feira, anunciou o contrário.
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Sá Fernandes disse, esta sexta-feira, em entrevista à "SIC Notícias", que "o Eixo Norte-Sul nunca esteve numa hipótese hipotética para estacionamento, quando muito foi para largada e saída de passageiros", informação confirmada pelo JN. O coordenador do grupo de projeto de preparação da Jornada da Juventude disse ao JN que o Eixo Norte-Sul só será cortado temporariamente para partida e largada de passageiros num cenário excecional de uma afluência de participantes superior à esperada e que, a acontecer, "só seria nos dias 4, 5 e 6 de agosto".
"Já estão consensualizados os 26 parques de estacionamento, para 7000 autocarros, um número bastante acima das estimativas que neste momento prevemos que sejam de 4000 ou 4500. Nestes parques de estacionamento não está incluído o Eixo Norte-Sul. Se vier uma quantidade inaudita de mais autocarros, o que é muito pouco provável, o Eixo Norte-Sul poderá ser usado para largada e partida de camionetas. Não se prevê que aconteça", esclareceu ao JN, adiantando ainda que também estão a ser estudados estacionamentos para carros ligeiros.
O coordenador do grupo de projeto de preparação da Jornada Mundial da Juventude nega assim as afirmações do diretor-nacional da PSP, Magina da Silva, que ontem anunciou que o Eixo Norte-Sul será cortado "total ou parcialmente" no âmbito do plano de segurança da Jornada Mundial da Juventude.
A medida, explicou Magina da Silva aos jornalistas, "visa permitir a paragem do número muito grande de autocarros com peregrinos e outros participantes na JMJ, e a sua posterior deslocação para os locais dos eventos que constam no programa".
De Alverca a Oeiras
Sá Fernandes garantiu que os estacionamentos, alguns privados, "são mais do que suficientes" e revelou que ficarão localizados "maioritariamente em Lisboa, mas também em Oeiras (dois parques), Loures e Vila Franca de Xira". "Vamos ter um para 300 autocarros estacionarem na base aérea de Alverca. Fica a sete quilómetros do Parque Tejo, os peregrinos vêm a pé por ali fora ou de comboio", avançou.
O parque de estacionamento mais longe ficará a dez quilómetros e "todos terão acesso ao evento a pé ou de transporte público", revelou ainda. "A Igreja diz que é razoável, para o espírito da jornada, que as pessoas fiquem a 12 quilómetros do evento. Em Madrid, as pessoas andaram 30 quilómetros, também não quero isso para Lisboa", exemplificou.
O coordenador do grupo de projeto de preparação da Jornada da Juventude disse que haverá ainda várias vias fechadas temporariamente na capital para os peregrinos passarem a pé, "o que não acontecerá o dia todo", e que "num cenário limite poderão ser fechadas mais ruas". Disse ainda que, esta sexta-feira, "estiveram a ser analisados percursos muito confortáveis dos parques de estacionamento até ao local do evento, o que vai implicar obviamente o fecho de ruas" e "perímetros de segurança dos eventos".
Transportes "insuficientes"
Até agora inscreveram-se 260 mil peregrinos, que ficarão distribuídos pelas dioceses de Lisboa, Setúbal e Santarém e irão deslocar-se de "comboio, metro, autocarros e barco" até ao Parque Tejo e o Parque Eduardo VII, dois dos locais onde se vão realizar os principais eventos da Jornada. Sá Fernandes admitiu que são meios de transportes "insuficientes".
"Se o número (de pessoas) for muito elevado não vai dar para todos, temos de pensar nas pessoas que vivem cá e naqueles que não estão inscritos na Jornada e os inscritos que arranjam o seu próprio alojamento e precisamos de tempo para percebermos onde ficarão. Sabermos onde ficam definitivamente alojados vai-nos dar uma grande ajuda e garantir que pelo menos os inscritos terão transporte garantido. A zona Oeste tem poucos transportes, há muito pouca frequência", alertou, acrescentando que deverá haver um reforço de transportes públicos.
"Estamos a tentar que haja reforço de todos os transportes coletivos nas horas que há deslocação de peregrinos das dioceses para Lisboa. Os fins de semana e o mês de agosto terão a carga máxima de transportes como se fosse época escolar. Vamos ver se é possível pôr, por exemplo, mais quatro carruagens num comboio regular dependendo do número de peregrinos", explicou.
Sá Fernandes sublinhou que há "vários cenários em cima da mesa" no Plano de Mobilidade, que será apresentado ainda este mês, uma vez que só mais perto do evento saberão exatamente quantos autocarros virão. "As inscrições fecham no fim deste mês. Temos de enfrentar números de um grau de incerteza grande, temos 260 mil peregrinos inscritos, tanto podem vir 300 como 350 mil", concluiu.
A Câmara de Lisboa disse, esta sexta-feira, ao JN que "a identificação das áreas de estacionamento dos autocarros que vão transportar os peregrinos é responsabilidade do Governo". "A Câmara de Lisboa foi auscultada no processo e as conclusões irão constar do Plano de Mobilidade do Governo", informou.