Jovens de todo o país estão convidados a participar na 2.ª edição do evento "3 Milhões de Nós", que decorre no próximo sábado, 6 de novembro, na Aula Magna, em Lisboa. O objetivo último é fortalecer e "ajudar os jovens a encarar o futuro com confiança" e a "agarrar a vida", através da partilha de "novas ideias e testemunhos", dizem os organizadores.
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A iniciativa foi pensada como "um espaço de partilha e encontro", que pretende fugir à formalidade de um "congresso", privilegiando a "interatividade". Este ano, o programa do "3 Milhões de Nós" está dividido em quatro pilares: "o que está nas nossas mãos?", "está nas nossas mãos pedir", "está nas nossas mãos dar" e "está nas tuas mãos ir mais além", explicou Rita Oom, membro da equipa do evento e uma das apresentadoras. "Está Nas Tuas Mãos" é o tema desta edição, onde a pandemia será um assunto de destaque.
A pandemia obrigou-nos a ter "de desinfetar as mãos", explicou Rita Oom, por isso "tudo está muito ligado às nossas mãos", justificando a origem do nome da iniciativa. O evento estava planeado para 2020, mas devido à pandemia de covid-19 teve de ser adiado.
Uma equipa de 20 a 30 pessoas composta não só por jovens está envolvida no seu planeamento desde 2019. Vários oradores de diferentes idades irão divulgar as suas experiências de vida e histórias aos jovens participantes.
A pandemia pôs em destaque que "nem todas as casas são iguais", permitindo perceber "como é a nossa casa". O primeiro pilar do evento pretende demonstrar que "as pessoas têm diferentes possibilidades, mas somos nós que escolhemos o nosso percurso de vida", referiu Rita Oom, "o sítio onde se nasceu e a cultura" não são uma escolha.
Saber pedir ajuda
O segundo pilar assenta no reconhecimento das "fragilidades" e da importância de "saber pedir ajuda e falar sobre saúde mental sem tabus, pois nunca estamos sozinhos", revelou a integrante da equipa. Um dos oradores que irá abordar o tema será João Francisco Lima, de 23 anos, sensibilizado pela morte do pai, o ator Pedro Lima, e que tem tido um papel ativo de abordagem do tema da saúde mental nas redes sociais.
A "casa de partida" e a "fragilidade", pontos centrais dos pilares anteriores, pretendem proporcionar a abertura de um "espaço para conseguir pensar onde somos mais precisos e o que estamos dispostos a fazer para ajudar os outros" - o terceiro pilar.
Todos podem fazer a diferença
Martim Ferreira, um dos oradores, de 22 anos é criador do projeto "Vizinho Amigo", que nasceu durante a pandemia dinamizado por jovens e dedicado ao auxílio das pessoas idosas. O que queríamos era "salvar vidas" realizando simples gestos como ir às compras e entregá-las na casa dos idosos. Uma "união dos jovens" permitiu "evitar que as pessoas do grupo de risco" saíssem para sítios públicos" e ficassem expostos à covid-19, disse o jovem. "Cada um de nós pode fazer a diferença e ter impacto", mas "nem tudo foi fácil e perfeito". É fundamental "transmitir os erros", para que possamos "aprender", concluiu.
Rita Oom referiu que "está nas suas mãos [dos jovens] quererem ir mais além". É o que se pretende com o último pilar, que "levem para as suas vidas" as histórias que ouvem. De 56 anos, Alexandra Fernandes,médica de família, a mais velha das oradoras, foi convidada para ser uma das inspiradoras. "Na idade que tenho já começo a ver sonhos que idealizei em jovem e que concretizei", mesmo que "o modo como se concretizaram tenha sido diferente do imaginado", disse. "Sonhar alto" e saber lidar com as "frustrações" é a mensagem que quer passar à plateia.
Foi numa conversa entre amigos que alguns dos organizadores se aperceberam que "há tantos eventos para adultos e não para jovens", deixando-os em alerta para a necessidade de se fazer algo direcionado para estes. Na 1ª edição, em 2018, também na Aula Magna, participaram 1800 pessoas, havendo momentos em que a sala estava a "abarrotar", prosseguiu Rita Oom. "Foi por esse sucesso que decidimos fazer a 2ª edição", explicou.
O anúncio do evento este ano fez com que muitos jovens quisessem ser embaixadores e dar a cara pelo projeto, revela. Em 2018 o mote foi "Ser Jovem Hoje". O conflito de gerações, relações virtuais, espiritualidade sem fé foram alguns dos assuntos abordados. Rita Oom afirmou que o principal objetivo foi "conhecer os jovens e envolvê-los nos temas da atualidade".
David Alvito, de 24 anos, satisfeito com a 1.ª edição, irá estar presente novamente no evento, que diz ser de "jovens para jovens e para todos, quer sejam católicos e mais ou menos políticos". Foi na paróquia do Campo Grande, a que pertence. que tomou conhecimento da existência deste projeto.
A sua ida em 2018 ao "3 Milhões de Nós" fez com que se questionasse "enquanto pessoa" e o seu "papel na sociedade". Apesar de ser um evento para jovens, "vi pais com os seus filhos", afirmou David Alvito. E garante que "daqui a uns anos, quando for pai, continuará a fazer sentido ir".
O evento é organizado pela Associação CincoMaisDois, da Família Missionária Católica Verbum, Dei. O preço do bilhete é 10 euros e tem almoço e coffe break"s incluídos.