No âmbito do plano de recuperação das aprendizagens, no ano letivo passado, 450 mil alunos foram alvo das 1400 medidas desenvolvidas pelas escolas. O Parlamento aprovou hoje, por unanimidade, uma recomendação para que o programa seja prolongado. Interpelado pelo JN, o Ministério da Educação não fecha a porta.
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Sem revelar uma decisão, na resposta escrita enviada ao JN, o ME sublinha que a Resolução do Conselho de Ministros que cria o plano 21/23 já assumia o princípio de que a "recuperação dos impactos negativos" podia ter de ser "projetada além do horizonte temporal inicialmente definido". Assim, explica o ME, "o plano estabelece-se a dois anos, para garantir previsibilidade até 2023, afinação de estratégias, ponderação e reflexão. Não é em dois anos que todos os efeitos da pandemia se mitigarão, mas este é o horizonte que permitirá assumir opções com sustentabilidade em função desta resposta inicial".
A resolução, que resulta de iniciativas do PSD e IL, pede ao Governo uma terceira monitorização do plano, com o número de alunos, ações e resultados.
O ME atualizou ontem o site do plano. Além dos estudos já publicados, tem dados relativos à adesão das escolas às ações e os relatórios em curso, nomeadamente a terceira e quarta monitorização que serão feitas com os dados transmitidos pelas escolas em janeiro e maio.
Mais leitura e escrita
No ano letivo passado, 98% das escolas do Continente (mais 18% do que no ano anterior) aplicaram planos de desenvolvimento Pessoal, Social e Comunitário no âmbito da recuperação das aprendizagens. De acordo com o segundo relatório intermédio, publicado em dezembro, as escolas consideram que as medidas têm um impacto elevado (entre 87 a 95%) ao nível da literacia e envolvimento familiar.
A maior aposta (27%) tem sido em medidas de promoção de saúde mental ou de equilíbrio emocional para motivar as aprendizagens e a organização do estudo. Ações para aumentar o envolvimento das famílias surgem em segundo lugar (22%). E as intervenções em literacia em quarto lugar (12%).
Por execução das ações previstas no plano, a esmagadora maioria das escolas (de 91% no 1.º ciclo a 88% das secundárias) aderem a ações relacionadas com a leitura. As oficinas de escrita são eleitas por 85%. Já novas organizações de turmas ou a possibilidade de os alunos que chumbaram a uma disciplina frequentarem aulas do ano anterior são opções menos escolhidas (42% no Básico).
1169 técnicos
Plano permitiu a contratação de 1169 técnicos especializados, 982 dos quais a tempo inteiro. Metade são psicólogos e terapeutas da fala mas as escolas também pediram, por exemplo, técnicos de informática, assistentes sociais, mediadores ou animadores culturais.
71% no Básico
A maioria das 1400 medidas criadas pelas escolas são aplicadas no ensino Básico (71%), 15% no Pré-Escolar e 14% no Secundário.