A esmagadora maior (85%) dos utilizadores de drogas injetáveis em Portugal têm, ou já tiveram, o vírus da hepatite C.
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A conclusão é de um relatório divulgado, esta quinta-feira, pelo Observatório Europeu da Droga e Toxicodepência (EMCDDA). Portugal surge, aliás, como o terceiro país da Europa que apresenta a maior prevalência do vírus em toxicodependentes, sendo que 40% terão, em simultâneo, o vírus do HIV.
Na generalidade dos países da Europa, sublinha o relatório " Hepatitis C among drug users in Europe " [Hepatite C entre os utilizadores de droga na Europa], "mais de metade dos consumidores de drogas injetáveis estão infetados". Em 2013 e 2014, os últimos anos citados no documento, o país onde a taxa de prevalência é maior é a Suécia, com quase 100% dos toxicodepentes infetados, seguido da Estónia com 90%.
Nos países desenvolvidos, segundo a EMCDDA, o uso de drogas injetáveis é a forma "mais comum" de transmissão do vírus da hepatite C, devido à partilha de seringas entre pessoas infetadas. Na Europa, admite o observatório, "pessoas quem injetam drogas ou que já injetaram no passado são o grupo mais afetado" pela infeção. De tal forma que a maioria dos novos casos (78%) têm sido detetados em pessoas que injetam drogas.
O relatório hoje divulgado em Lisboa sugere que o tratamento retroviral possa desempenhar um papel "importante" na prevenção dos casos em pessoas que utilizam este tipo de drogas, reduzindo o risco de transmissão do vírus. É ainda recomendada a adoção de políticas de implementação no terreno de programas de distribuição de seringas.
Estima-se que cerca de 115 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais nove milhões na Europa, já tenham tido o vírus da hepatite C, sendo que em dois terços dos casos a infeção estará ativa.