Num comunicado publicado a 24 de abril, a Organização Mundial de Saúde é peremptória: atualmente, não há evidência que a presença de anticorpos em pessoas que recuperaram da covid-19 as proteja de uma segunda infeção.
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Este comunicado sai na sequência de notícias que davam conta da vontade de alguns governos em criar um passaporte de imunidade para aquelas pessoas que tivessem anticorpos contra o novo coronavírus, permitindo-lhes viajar ou voltar ao trabalho, partindo do pressuposto que estariam seguros.
Os testes que detetam a presença de anticorpos para SARS-CoV-2 estão a ser feitos em muitos países, a nível populacional ou em grupos específicos como profissionais de saúde. O seu grande objetivo tem sido perceber o risco de infeção nesses grupos, particularmente entre a população assintomática. As interpretações dos resultados destes estudos exigem cautela, pois a presença de anticorpos não significa que o mesmo seja protetor e capaz de neutralizar o vírus, não dá resposta sobre a duração dessa imunidade nem garante que a infeção não está ainda ativa.
À data de hoje, não há evidência suficiente sobre a eficácia da imunidade mediada por anticorpos para garantir a precisão de um "passaporte de imunidade" ou "certificado sem risco". Ainda não se sabe se a presença de anticorpos ao SARS-CoV-2 confere imunidade a infeções adicionais em humanos, qual a quantidade de anticorpo necessária ou por quanto tempo essa imunidade dura.
Os estudos de sero prevalência, podem ajudar os decisores a perceber qual a proporção da população que foi exposta ao vírus, entender melhor a disseminação do vírus, prever a trajetória futura e ajudar a definir estratégias. A nível individual pode ter um efeito pernicioso podendo levar um indivíduo a mudar o seu comportamento, assumindo atitudes com maior risco e, sem saber, transmitir o vírus a outras pessoas.
Leio em algumas revistas que a Madonna partilhou na sua conta oficial que tinha anticorpos para a covid-19 e que se sentia segura para respirar o mesmo ar da covid-19... olhe que não Madonna, olhe que não...
Pneumologista