Há livros para todos os leitores. Há leitores para todos os livros. O nosso objetivo é criar pontes para que uns e outros se encontrem". Este é o primeiro dos princípio da "Ror de Livros", uma loja que vende livros em segunda mão, e que abriu há um ano na cidade de Aveiro.
Corpo do artigo
O projeto abriu portas pela mão de Jorge Pires Ferreira, que acredita que as páginas de um livro e todo o conhecimento que ele contém, não se têm de esgotar num só leitor.
No interior do espaço, há 8000 livros, 90% dos quais usados (os novos têm mais de 18 meses, não sendo abrangidos pela lei do preço fixo). Ali é possível adquirir uma primeira edição de "O livro do povo", de António Botto, por 25 euros; a obra "O Principezinho", de Saint-Exupéry, custa cinco euros e uma coleção de oito volumes da História de Portugal, vale 59 euros. Obras de Mia Couto, José Rodrigues dos Santos e José Saramago, por exemplo, oscilam entre os seis e os oito euros. Há meio milhar de livros, como os da coleção "Uma aventura", de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, a apenas um euro.
O nome não foi ao acaso. Ror, que significa "grande quantidade", é uma palavra de cariz popular que Jorge Pires Ferreira ouviu inúmeras vezes da boca da mãe. Permite fazer "a ponte entre o mundo mais popular e o lado intelectual e cultural do livro", explica. E define a loja: "Queremos vender muitos livros, a preços acessíveis e com um lucro justo para manter a atividade". De permeio, suprem uma lacuna que já sentiam no mercado, pois "nem sempre é fácil encontrar nas grandes livrarias obras que não sejam novidades".
Ganhar nova dinâmicas
Jorge Pires Ferreira, diretor-adjunto do jornal da diocese de Aveiro, já tinha recebido, na livraria Santa Joana, também da diocese, diversas pessoas a quererem vender livros que possuíam. Percebeu que havia muita oferta. Em maio de 2018, participou numa feira, onde vendeu livros pessoais, uma coleção doada por um sacerdote e outra que comprou. Foi com o dinheiro angariado que arrendou o espaço, adquiriu mobiliário e mais livros. Um ano depois de abrir ao público, tem a certeza que também há procura, pelo menos a suficiente para manter as "contas equilibradas" e o posto de trabalho criado.
Na "Ror de Livros" entram tanto estudantes em busca de clássicos da literatura mundial e obras em inglês, como pessoas de idade que querem livros de história e autores nacionais. Neste segundo ano de vida, a intenção é ganhar novo dinamismo, alojando iniciativas como leituras e formações.