Adriano Moreira nasceu em Grijó do Vale Benfeito, Macedo de Cavaleiros, no dia 6 de setembro de 1922, filho de António José Moreira e de Leopoldina do Céu Alves. Foi para Lisboa ainda menino de colo, levado pelo pai que foi para a capital prestar serviço militar, acabando por fazer carreira na PSP
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Residiu nesses primeiros anos em Campolide, junto do Quartel de Caçadores 5, outrora Colégio dos Jesuítas e agora sede das faculdades de Economia e Direito da Universidade Nova. Frequentou o Colégio de Santo António, junto à Farmácia Central do Exército; o Liceu Passos Manuel, o Liceu do Carmo, também conhecido pela Mitra; e a Faculdade de Direito de Lisboa, onde se licenciou em Ciências Histórico-Jurídicas.
Em junho de 1944 entrou para chefe da Secção do Arquivo Geral do Registo Criminal e Policial do Arquivo de Identificação. Inscrito, dois anos depois, na Ordem dos Advogados, passou a integrar o contencioso da Standart Eléctrica, empresa a que se manteve ligado até ao seu saneamento político, em 1975.
Enquanto advogado, foi o responsável pela petição do primeiro habeas corpus de que há memória em Portugal: a favor do general Marques Godinho e do almirante Mendes Cabeçadas, com base no argumento de que, tratando-se de militares, não podiam estar detidos no Hospital Júlio de Matos, às ordens da Polícia Política. Na sequência deste processo, deu entrada no Aljube onde se cruzou (e conviveu) com o jovem Mário Soares, sendo libertado cerca de dois meses depois, sem qualquer explicação. "Até então, só o conhecia de nome. Era um jovem que muita gente apreciava, porque tinha uma certa alegria e também porque era muito determinado e consistente para a idade. Mas defendíamos posições inteiramente contrárias", relatou, citado pela Visão, em 1995.
Leciona na Universidade Técnica de Lisboa, atual Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP). Foi aí enquanto professor catedrático, diretor e presidente do Conselho Científico, que Salazar o foi buscar, em 1960, para ocupar o cargo de subsecretário de Estado da Administração Ultramarina. Será nomeado ministro do Ultramar pouco depois dos massacres registados no Norte de Angola e do denominado golpe de Botelho Moniz. A partir de setembro de 1970, começa a ensinar na Escola Superior Colonial.
Acaba afastado do Instituto com Revolução de Abril de 1974, na sequência de um processo de saneamento (com mandado de prisão) de todas as funções. No Brasil, foi professor na Universidade Católica do Rio de Janeiro, na Escola de Comandos e de Estado-Maior e, ainda, na Escola Naval de Guerra do Brasil.
Regressa a Portugal, três anos depois (1977), onde, com os direitos políticos recuperados e reencontrado com a sua Escola, adere ao CDS, a convite de Diogo Freitas do Amaral, Adelino Amaro da Costa, Narana Coissoró e Rui de Oliveira. Pelo CDS foi eleito presidente do Conselho Nacional (1983) e liderou o partido entre 1986 e 1988. Foi deputado (1980-1985), vice-presidente da Assembleia da República, entre 1991 e 1995, ano em que a ONU, onde foi delegado de Portugal entre 1957 e 1959, lhe atribui a medalha dos 50 anos, a única dada a uma personalidade portuguesa.
Em termos académicos, Adriano Moreira era doutorado em Direito pela Universidade Complutense de Madrid, doutor honoris causa pelas universidades portuguesas da Beira Interior e Aberta e brasileiras de Manaus, S. Paulo, Bahia, Brasília e Rio de Janeiro, curador da Universidade Cândido Mendes (Rio de Janeiro) e professor honorário da Universidade de Santa Maria (Brasil). Foi ainda professor do Instituto Superior Naval de Guerra e da Universidade Católica Portuguesa. Foi nomeado, em 1998, presidente do Conselho Nacional de Avaliação do Ensino Superior, cargo de que se demitiu no final de 2006. É autor de uma vasta (e muito importante) obra, separadamente referenciada.
Foi ainda curador honorário da Fundação Oriente (Lisboa), presidente honorário da Sociedade de Geografia de Lisboa, fundador e presidente honorário da Academia Internacional da Cultura Portuguesa, membro das academias brasileiras de Letras, Pernambucana de Letras, Internacional de Direito e Economia de S. Paulo, das academias da Marinha de Lisboa e das Ciências de Lisboa, da Academia de Ciências Morales y Politicas de Madrid e da Academia Portuguesa da História.
É grande-oficial da Ordem do Infante D. Henrique, cavaleiro grã-cruz da Ordem de África, tendo sido ainda condecorado com a Royal Victorian Order, a Grã-Cruz da Ordem de Isabel a Católica, a Grã-Cruz da Ordem do Cruzeiro do Sul, a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo e a Grã-Cruz da Ordem de São Silvestre Magno, juntamente com as medalhas de Mérito Cultural, da Defesa Nacional (1.ª Classe), do Exército de D. Afonso Henriques (1.ª Classe), Militar de Serviços Distintos da Marinha (grau ouro) e de Mérito Aeronáutico.
Adriano Moreira foi autor de várias obras ensaísticas e históricas ou de Direito, como Saneamento Nacional, Ciência Política, Direito Internacional Público ou Teoria das Relações Internacionais. Em 2009 publicou a obra biográfica "A Espuma do Tempo". Em 2010, recebeu o Prémio Pedro Hispano, que distingue a figura do ano na área da Cultura, da Arte e das Letras.
Era casado com Mónica Isabel Lima Mayer com quem teve seis filhos (António, Mónica, Nuno, Isabel, João e Teresa) e tinha 14 netos.
"A minha vida foi a escola, sobretudo. A intervenção política foi mais por obrigação cívica", afirmou Adriano Moreira, numa entrevista à agência Lusa, em 2012.