Está a circular por todo o país um abaixo-assinado a exigir a realização do congresso do CDS-PP nos dias 27 e 28 de novembro. "Congresso já!" é o título do documento que contará já com milhares de militantes. Um dos promotores do documento disse ao JN que preveem ainda chegar esta semana às quatro mil assinaturas necessárias para pedirem a convocação do conclave junto da direção centrista.
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Alexandre da Silva Teixeira, um dos vários promotores do documento, é conselheiro nacional e foi, até às últimas autárquicas, líder da Assembleia Municipal de Valongo. Ao JN, explicou que ainda não é possível contabilizar o número de subscritores porque "está a ser pulverizado pelo país todo". Mas adiantou que esperam "atingir mais do que o mínimo necessário, ultrapassando as quatro mil assinaturas" de forma a exigirem a convocação do congresso para novembro. "Até ao final desta semana", preveem cumprir essa tarefa.
Saída de militantes controlada
O membro do Conselho Nacional referiu ainda que os militantes estão a ter a iniciativa de contactar os promotores para saber como podem subscrever o abaixo-assinado e que este está a permitir "estancar a saída" de centristas do partido. Será depois enviado à direção do CDS e também ao presidente do Conselho Nacional.
Além disso, Alexandre da Silva Teixeira nota que, por exemplo no distrito do Porto, esta quarta-feira decorrem várias assembleias concelhias que irão tomar posição sobre a realização de congresso.
O que dizem os subscritores
No abaixo-assinado, a que o JN teve acesso, a direção centrista é acusada de desrespeitar os militantes e de os impedir "de escolherem legitimamente o projeto eleitoral e a liderança que deverá combater as esquerdas nas próximas eleições legislativas".
Prevê-se que também as principais figuras do partido envolvidas na candidatura de Nuno Melo assinem o documento, que já contará com apoio de autarcas e dirigentes locais, como por exemplo no Porto, em Famalicão (onde o eurodeputado foi reeleito presidente da Assembleia Municipal), Vila Franca de Xira e Portimão. Na carta que tinha sido enviada antes do Conselho Nacional da semana passada, com as concelhias a reclamar congresso, constavam presidentes de câmara e o presidente da assembleia regional da Madeira.
Conforme noticiou o JN, os militantes estão agora a organizar-se, do Norte ao Algarve e nos arquipélagos, para exigir a manutenção do congresso de novembro, estando para isso a subscrever um documento que servirá para pressionar os órgãos nacionais.
Nuno Melo, candidato à liderança, revelou segunda-feira, numa entrevista à SIC Notícias, que "são milhares de militantes revoltados" com o adiamento do congresso e que estão a promover o abaixo-assinado "por iniciativa própria. O eurodeputado já pediu a nulidade de todas as deliberações tomadas pelo Conselho Nacional, tentando travar o adiamento do congresso, e admitiu recorrer ao Tribunal Constitucional.
"Os militantes do CDS exigem o seu direito a serem ouvidos e que seja reposta a legalidade, mantendo a marcação do congresso do CDS para as datas previstas e aprovadas de 27 e 28 de novembro de 2021", referem os subscritores.
"CDS já estava motivado"
No documento, dizem que "a direção do CDS decidiu cancelar o congresso agendado para os próximos dias 27 e 28 de novembro de 2021, impedindo os militantes de escolherem legitimamente o projeto eleitoral e a liderança que deverá combater as esquerdas nas próximas eleições legislativas". Além disso, "o CDS já estava motivado e mobilizado para este congresso, que já tinha dois candidatos anunciados e em campanha no terreno".
Em seguida, destacam que "a realização do congresso era pacífica e consensual e o seu cancelamento, desrespeitando os direitos dos militantes, num Conselho Nacional cuja legalidade é contestada, veio causar grande agitação e perturbação no partido, e desfiliações de militantes, que só tenderá a agravar-se".
"Legitimar estratégia para legislativas"
"O cancelamento do congresso e a forma como se processou tem provocado um grande desgaste do CDS, com múltiplas declarações negativas dos principais comentadores políticos e personalidades diversas em Portugal", adverte ainda o abaixo-assinado, defendendo que "apenas a realização do congresso na mais breve data possível antes das eleições legislativas pacificará o CDS". Outro argumento usado pelos militantes que reclamam o congresso é o de que este "legitimará uma estratégia e reforçará uma liderança, qualquer que seja, para o combate das eleições legislativas".
Os subscritores sublinham, do mesmo modo, que "previsivelmente as eleições legislativas até acontecerão quando o atual presidente já não estará em mandato".