Em 17 sufrágios para o Parlamento, foi a quarta vez que houve uma redução. Costa, Marcelo e partidos elogiaram adesão ao voto num período difícil por causa da covid-19.
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Esteve longe de ser a vencedora da noite, mas entusiasmou. A taxa de abstenção recuou para os 42%, um resultado significativamente melhor do que o alcançado em 2019 (51,43%) e muito próximo do de 2011 (41,9%). Na maior vaga da pandemia, mais de metade dos eleitores portugueses, confinados ou não, saíram de casa para escolher o futuro do país.
Em 17 sufrágios para o Parlamento, desde 1975, foi a quarta vez que houve um recuo na taxa de abstenção, sendo que a tendência tem sido de subida, mantendo-se acima dos 40% desde 2009.
Pouco passava das 19 horas quando o secretário-geral do PS, António Costa, se pronunciou sobre a abstenção. Ainda sem se conhecerem os resultados das eleições, vincou "a taxa de participação superior às das anteriores legislativas". Para o primeiro-ministro a mensagem foi clara: os portugueses "perceberam" a importância deste ato eleitoral.
Também Marcelo Rebelo de Sousa, numa visita ao Clube dos Jornalistas, em Lisboa, saudou a "redução tão clara da abstenção num período tão mau para se reduzir a abstenção". E elogiou o papel da comunicação social na campanha eleitoral, considerando que é "também a ela e, naturalmente, aos partidos e seus dirigentes, e sobretudo aos portugueses" que se deve a redução da abstenção.
RECUO SAUDADO
O secretário-geral do PSD, José Silvano, sublinhou a adesão às urnas "num tempo de pandemia, com cerca de um milhão de confinados". E o porta-voz da Iniciativa Liberal, Rodrigo Saraiva, congratulou-se com a "elevada participação" dos portugueses nestas legislativas, convicto de que a IL foi "um forte contributo" para a redução da abstenção.
Para o número dois do Chega, Rui Paulo Sousa, a redução da abstenção "mostra que as pessoas realmente começaram a ver a política de outra forma", apesar da pandemia "que condicionou muito os votos".
Por seu lado, a dirigente do BE, Mariana Mortágua, notou que a adesão às urnas mostra que "as pessoas se sentiram seguras para votar apesar da pandemia".
Menos otimista, o vice-presidente do CDS-PP considerou que ainda que as projeções parecessem marginalmente melhores "não podem entusiasmar ninguém porque uma abstenção na casa dos 40% é ainda uma abstenção muito forte" e "bastante preocupante".
A porta-voz do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), Inês Sousa Real, também lamentou o nível de abstenção, considerando, ainda assim, "importante" a tímida redução.
MAPA DA ABSTENÇÃO
Bragança, Vila Real e Faro com a mais baixa adesão
Os distritos de Bragança, Vila Real e Faro registaram as mais altas taxas de abstenção do continente, com 52,2%, 50,5% e 48,7% respetivamente. A nível nacional, as regiões autónomas foram as campeãs do abstencionismo, voltando a mostrar quão longe estão do Parlamento, com a abstenção a chegar aos 63,3% nos Açores e a atingir os 50,4% na Madeira. No mapa da abstenção, destaque ainda para os valores dos distritos de Guarda (47,3%), Beja (44,1%), Portalegre (43,3%) e Aveiro (43,2%), bem acima dos distritos de Braga (36,3%) e do Porto (38,2%). Neste último distrito, o concelho da Maia tem a maior adesão às urnas (33,8% de abstenção), seguido de Penafiel (35,7%). Baião registou a maior taxa de abstenção, seguido da Póvoa de Varzim, onde o desinteresse pelas urnas atingiu os 43,9%.