Acabar com a greve e defender "os puns das vacas". O que dizem os pequenos partidos
Dos lamentos pelo 25 de Abril aos casos de corrupção mais mediáticos, da qualidade das refeições escolares à “guerra civil” na Ucrânia. Estes foram alguns temas que ficaram vincados no debate que reuniu os nove partidos e uma coligação sem assento parlamentar. Conheça aqui as ideias mais "fora da caixa".
Corpo do artigo
Durante quase duas horas e em horário nobre, na RTP 1, o debate colocou frente a frente os partidos e uma coligação, reunindo ideologias da extrema-direita à extrema-esquerda, que querem ocupar lugares na Assembleia da República depois de 10 de março. Só nas últimas legislativas, em 2022, conseguiram mais 91 mil votos, com o RIR, na altura liderado por Vitorino Silva – mais conhecido por Tino de Rans -, a ser o mais votado (22.556 votos). Além dos temas que já têm sido abordados nos outros debates, os partidos mais pequenos levaram para cima da mesa questões mais polémicas dirigidas ao eleitorado de cada um.
Mudar o regime: "A maior traição da História de Portugal"
No ano em que se comemoram os 50 anos do 25 de abril, José Pinto Coelho, do Ergue-te – antigo Partido Nacional Renovador -, levou o tema para o debate ao considerar que “não há nada para celebrar”, uma vez que foi a “maior traição da história de Portugal e nós queremos refundar Portugal”, afirmou. Recusou-se a reconhecer os progressos das últimas décadas e insistiu, sucessivamente, em chamar “Ponte Salazar” à “Ponte 25 de abril”. Ao longo do debate, considerou ainda que o direito à greve “não é justo”, dando exemplo dos passageiros que ficam apeados com a falta de transportes públicos ou os utentes sem consultas.
Pinto Coelho notou ainda ser necessário revogar as leis do aborto e da eutanásia e considerou que a "nacionalidade herda-se, não se atribui na secretaria".
Do lado oposto, João Pinto, do PCTP/MRPP, defendeu “uma sociedade comunista em que as pessoas são iguais entre si e resolvem tudo numa lógica de cooperação”.
Já Bruno Fialho, da ADN, pretende "acabar com a roubalheira” e quer “retirar do Parlamento todos os políticos que têm roubado este país, mentido aos portugueses, dizendo que não há dinheiro para nada mas afinal há dinheiro para tudo, para dar aos países em guerra, para dar aos imigrantes, para festas”. “Aqueles senhores que trabalham na Assembleia da República são meus funcionários, eu pago para eles estarem lá", afirmou.
Europa: “Guerra civil” na Ucrânia
A politica externa também mereceu a atenção dos dez candidatos a deputados. À esquerda, o representante do PCTP/MRPP considerou que a invasão da Ucrânia pela Rússia é “uma guerra civil”, devendo Portugal deixar de apoiar o país. À direita, também Bruno Fialho, do ADN, afirmou que quer “suspender as ajudas a outros países, como a Ucrânia e os países africanos”.
Educação: "Crianças comem pior do que cães”
“Os pais têm os filhos a comer nas cantinas e comem pior do que cães”. A afirmação foi de Márcia Henriques, do RIR, que apontou a falta de professores e de qualidade das refeições escolares como os principais problemas da escola pública. “Tenho um filho que quer ser professor e tenho pena dele”, reconheceu.
Sobre o mesmo tema, Ossanda Liber, do Nova Direita, que se apresenta pela primeira vez às legislativas, defendeu a reposição de “fardas” nos estabelecimentos de ensino. "A escola não serve para fazer um desfile de moda”, argumentou. E acrescentou: “A escola serve para aprender a Matemática, a Língua Portuguesa e a Geografia, não para substituir a autoridade do país”. “Há partidos de esquerda que estão infiltrados nas escolas”, afirmou.
Também Bruno Fialho, do ADN, mostrou-se contra a ideologia de género nas escolas. “Ideologias nas escolas não devem ser permitidas, as crianças estão na escola é para aprender, não é para serem doutrinadas por extremistas lobistas”.
Saúde: Médicos remunerados “segundo a sua produtividade”
Na saúde, Bruno Fialho, do ADN, vincou que o “SNS tem de ser todo reestruturado”. “Os profissionais têm de ser remunerados segundo a sua produtividade. Temos também de fazer uma limpeza na justiça”, observou.
Ao mesmo tempo, Pinto Coelho, do Ergue-te, defendeu que os médicos devem trabalhar no SNS “o mesmo número de anos que demorou a sua formação”, mas desvalorizou a proposta do seu partido. “Esse não é um tema que nos seja muito caro, é uma proposta”.
Alterações climáticas: “UE quer proibir agricultura por causa dos puns das vacas”
Já quanto às alterações climáticas, o líder do ADN, Bruno Fialho, notou que "existe fraude climática". "Os agricultores estão na rua a lutar pelos seus direitos porque a UE quer proibir agricultura por causa dos puns das vacas", disse.