Cerca de 30 mil voluntários ajudam padres a transmitir missas online.
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"Durante a pandemia, aumentou o número de jovens que se voluntariam para ajudar na vida das paróquias", disse ao JN o padre Luís Leal, do Serviço Nacional de Acólitos. Atualmente, são cerca de 30 mil os acólitos que colaboram nas 4374 paróquias portuguesas. Para além da quantidade, também o perfil de quem "está de serviço ao altar" está a mudar. "São jovens e adultos com formação para as tarefas que realizam e são cada vez mais mulheres do que homens", concretiza Luís Leal.
Durante o confinamento, para além de ajudar na missa, foram eles que, "com os conhecimentos técnicos que possuem e com os seus telemóveis, transmitiram as celebrações pelas redes sociais", reconhece.
Ivo Pinto, 37 anos, acólito na Paróquia Senhora do Porto, confirma que "as transmissões foram da responsabilidade dos acólitos, usando os seus equipamentos. Transmitimos a eucaristia pelo telemóvel e, desta forma, mantivemos a esperança nas pessoas", frisa o também membro da Assembleia de Freguesia de Ramalde, "habituado a alguns comentários menos educados que, por vezes, algumas pessoas, fazem".
As transmissões nas redes sociais, embora tenham diminuído com o regresso das celebrações presenciais, continuam na maioria das paróquias.
"Sou acólito e, mesmo com as restrições por causa da covid-19, continuo a fazer o mesmo trabalho", explicou Gonçalo Santos, 16 anos, voluntário na paróquia de Nossa Senhora do Livramento, em Vagos, Aveiro.
Já na igreja matriz da Póvoa de Varzim, o serviço de acólitos é coordenado por Ciliana Oliveira.
No grupo da professora do 1.º Ciclo, de 26 anos, sempre houve "mais raparigas do que rapazes. As mulheres já estão em todo o lado e também na Igreja", frisou. No trabalho que desenvolve nas celebrações religiosas, Ciliana sente que, "por ser mulher", é mais avaliada.
"Tanto os padres como os leigos parecem estar mais atentos ao que uma mulher faz no altar do que ao que faz um homem", referiu. Às raparigas que convida para pertencer ao grupo de acólitos, Ciliana Oliveira, para além da formação prática, incentiva-as a "não ter vergonha de estar no altar nem de ajudar nas celebrações religiosas. A verdade é que, independentemente do sexo, muitas vezes, os adolescentes são gozados pelos colegas que não percebem que trabalhar na Igreja é trabalhar para Deus", sustenta.
A Conferência Episcopal Portuguesa já agradeceu o serviço dos acólitos à Igreja e apelou à valorização deste ministério, "que abrange crianças, jovens e adultos, rapazes e raparigas".