Pedro Nuno Santos acusa primeiro-ministro de desconhecer realidade dos reformados. Montenegro promete avançar com financiamento do setor social.
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As campanhas de Luís Montenegro e de Pedro Nuno Santos ficaram esta terça-feira marcadas por acusações mútuas e promessas aos pensionistas. Em Setúbal, o líder da AD ouviu críticas de reformados a propósito dos cortes do tempo de Passos Coelho – que, na véspera, esteve num almoço com o atual primeiro-ministro – e prometeu apresentar uma lei de financiamento que assegure “previsibilidade financeira” às instituições de solidariedade social. Mais a sul, no Algarve, Pedro Nuno Santos acusou o adversário de ignorar a realidade dos pensionistas, alegando que a baixa do IRS propagandeada pelo Governo “diz zero” à maioria deles, uma vez que não pagam este imposto.
Numa visita ao Mercado do Livramento, em Setúbal, Montenegro recebeu palavras de apoio, mas também ouviu queixas, sobretudo de reformados e antigos combatentes, pelas reformas baixas e pelos cortes feitos durante a liderança de Passos Coelho, no tempo da troika.
Financiar setor social
“Compreendo que as pessoas – que há uns anos, por razão da situação financeira do país, viveram tempos de alguma inquietação neste domínio - precisam de uma palavra de segurança. Hoje, modéstia à parte, posso dizer às pessoas com toda a confiança para acreditarem, porque já não estamos apenas a assumir compromissos, estamos a concretizar o que dizemos”, referiu o líder da AD.
Já na União Mutualista Nossa Senhora da Conceição, no Montijo, com a ministra Maria do Rosário Palma Ramalho, o chefe do Governo prometeu apresentar uma proposta de lei de financiamento do setor social, legislação que considerou indispensável para libertar estas instituições dos ciclos políticos.
O líder do PS acusou, por sua vez, o primeiro-ministro de ignorar a realidade dos pensionistas. “Quando ouvimos Luís Montenegro falar dos pensionistas, só conseguimos constatar, confirmar que ele não sabe qual é a realidade dos pensionistas em Portugal. Ainda hoje se congratulava com o facto de ter baixado o IRS e isso beneficiar os pensionistas”, disse em Olhão.
Segundo o secretário-geral do PS, Montenegro “não faz ideia de que uma maioria larga dos pensionistas em Portugal não paga IRS e não paga IRS porque as pensões são baixas”.
“Na realidade, a redução do IRS para maioria dos pensionistas diz zero”, indicou. Pedro Nuno deu ainda o exemplo “da senhora Maria Camélia que diz que tem que pagar 860 euros e não sabe como”.
Desvio evitou encontro
Ao fim da tarde, os líderes do PS e da AD estiveram em Évora. Montenegro percorreu o centro sem se cruzar com os socialistas, que tiveram uma iniciativa pela mesma hora, mas desvalorizou e disse que teria desejado “boa campanha” a Pedro Nuno Santos. A AD iniciou os contactos com a população no tribunal e não no Templo de Diana, como previsto.
Já durante a sua arruada em Évora, Pedro Nuno Santos acusou o Governo de não garantir a paz social nem evitar a greve na CP, e de tentar responsabilizar os sindicatos, considerando que os “dirigentes não conseguiam parar comboios”.