A administração do Diário Económico admitiu, esta terça-feira, um cenário de insolvência da empresa num plano de continuidade do jornal, prometendo até quinta-feira dar a conhecer aos trabalhadores as consequência deste cenário e do Processo Especial de Revitalização (PER).
Corpo do artigo
Num comunicado a que a Lusa teve acesso, a Comissão Instaladora da Comissão de Trabalhadores explica que hoje de manhã se reuniu com o administrador Gonçalo Faria de Carvalho que disse que "não tendo sido possível obter uma resposta do comprador (...) colocou em cima da mesa um cenário de insolvência considerado num plano de continuidade do jornal".
Neste cenário, a comissão propôs ao administrador que apresente "até quinta-feira de manhã os cenários de PER e insolvência e as implicações de cada um deles" para serem apresentados à consideração dos trabalhadores.
"O resultado desta consulta será depois ponderado pela administração que terá a palavra final", lê-se no comunicado.
A administração transmitiu ainda que mantém a intenção de pagar os ordenados de dezembro - uma parte dos 140 trabalhadores recebeu a totalidade e outra só parte do salário de dezembro - até 29 de fevereiro, data em que apresentará o plano de pagamentos dos salários de janeiro.
Já a direção do Diário Económico apelou hoje à administração para que encontre uma solução para o projeto "no mais breve período de tempo", explicando que não pode continuar a trabalhar com os atuais constrangimentos.
"Face à ausência de desenvolvimentos que possam resolver estes problemas e à degradação dos meios de funcionamento, a redação não tem condições para continuar a assegurar produtos com a qualidade a que os leitores e telespetadores do Económico estão habituados", lê-se no comunicado enviado à administração da empresa da Ongoing que tem o jornal e o canal de televisão Económico TV (ETV), a que a Lusa teve acesso.
A direção editorial escreveu à administração a pedir que encontre, no mais breve período de tempo, uma solução para o projeto editorial do Económico e para a direção do mesmo, composta por Raul Vaz, Bruno Faria Lopes, Francisco Ferreira da Silva e Tiago Freire, que "mantêm a total disponibilidade para continuar a ajudar o Económico a encontrar uma solução".
Na mesma nota, a direção realça que "o Económico, nas diferentes plataformas - jornal, site e televisão -- tem enfrentado nos últimos meses sérios constrangimentos financeiros e operacionais", referindo a existência de salários em atraso e a saída de profissionais, sobretudo de jornalistas para outros órgãos de comunicação.
O banco de investimento Haitong (ex-BESI) está mandatado para vender o jornal, decorrendo um processo de negociações.
Apelo dos trabalhadores aos portugueses
Os trabalhadores do Diário Económico apelaram aos portugueses para apoiarem o projeto e decidiram assumir a sua continuidade e acreditam terem condições para prosperar e contribuir para o pluralismo da sociedade portuguesa.
Após um plenário, a Comissão Instaladora da Comissão de Trabalhadores publicou na página do DE na Internet um apelo "à sociedade portuguesa para que ajude a dar continuidade a este projeto líder da informação económica, comprando o Diário Económico, acedendo ao economico.pt e seguindo o Etv".
No comunicado, os trabalhadores afirmam que vão continuar a trabalhar diariamente "com a mesma qualidade, seriedade e profissionalismo que sempre demonstraram".
"Os trabalhadores decidiram assumir a continuidade do projeto e a viabilidade da marca, já que acreditam que esta tem condições para voltar a prosperar e a contribuir de forma decisiva para o pluralismo da sociedade portuguesa", acrescentam.