Administradores hospitalares dizem que cobrança de multas não resolve problema das macas retidas
O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) considerou, esta quinta-feira, que a cobrança de multas pelas macas retidas nas urgências dos hospitais, anunciada pela Liga de Bombeiros, "não vai resolver o problema”, admitindo que a situação prejudica a “operacionalidade das ambulâncias”.
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À RTP, Xavier Barreto notou que é um "contrassenso” dizer às pessoas para “ligarem para a linha SNS 24 para serem levados por uma ambulância para a urgência” e, depois, “prejudicar a operacionalidade destas ambulâncias, retendo as macas nos hospitais".
No entanto, o presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares mostrou-se pouco recetivo quanto à eficácia das multas anunciadas pela Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), notando que “não vão resolver o problema”.
Quanto às causas que estão a provocar estes constrangimentos, Xavier Barreto aponta a “falta de camas nos hospitais, a falta de espaço nos serviços de urgência e a falta de recursos humanos” como os principais problemas a ser resolvidos. “São esses os problemas que têm de ser atacados e resolvidos em diálogo com a Liga dos Bombeiros Portugueses, que é um parceiro inestimável para o SNS”, acrescentou em entrevista à RTP.
Recorde-se que a Liga dos Bombeiros avançou, ao JN, que as corporações vão começar a cobrar uma sobretaxa de 50 a 150 euros por cada bloco de duas horas aos hospitais pela retenção das macas das ambulâncias. A medida será aprovada na próxima reunião do Conselho Executivo da Liga dos Bombeiros, agendada para segunda-feira, dia 8 de janeiro, seguindo-se na terça-feira uma reunião com a Direcção executiva do Serviço Nacional de Saúde.
Todas as semanas, há bombeiros que ficam horas nos serviços de urgência à espera das macas, revelou ao JN António Nunes. “Algumas das equipas durante o dia são profissionais e têm horários de trabalho a cumprir e, em algumas regiões do Interior do país, as populações ficam sem ambulância, porque está retida nos hospitais”, denunciou. Em muitos casos, o problema está relacionado com a “má gestão das altas hospitalares” ou a “ inexistência ou a falta de manutenção das macas nos hospitais”, afirmou o líder da LBP.