Agência europeia restringe uso de antibiótico para travar aumento das resistências
Peritos reveem critérios para utilização de azitromicina face a uma prevalência global crescente de resistência antimicrobiana.
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Utilizado há décadas no tratamento de diversas infeções, tanto em crianças como em adultos, o antibiótico contendo azitromicina está associado a um aumento da resistência antimicrobiana. Levando a Agência Europeia do Medicamento (EMA) a proibir a sua utilização no tratamento de "acne vulgar moderado", "erradicação da Helicobacter pylori" e "prevenção de exacerbações de asma eosinofílica e não eosinofílica". Determinando, ainda, que a bula daquele fármaco passe a alertar para o risco de resistência à azitromicina.
A decisão foi tomada, na passada sexta-feira, pelo Comité de Medicamentos para Uso Humano (CHMP) daquela agência, presidida pelo farmacêutico português Bruno Sepodes. Após um longo processo de revisão, os dados demonstraram, explicam em comunicado, que "a resistência antimicrobiana a este medicamento aumentou nos últimos anos". Antibiótico cujo consumo, notam, tem vindo a aumentar, estando entre os cinco mais prescritos.
Para "otimizar o seu uso" e "minimizar o desenvolvimento de resistência antimicrobiana", a EMA reavaliou os benefícios e os riscos do uso de azitromicina, deixando então de recomendar aquele antibótico no tratamento de acne, da Helicobacter pylori - Portugal tem da maiores prevalências, na Europa Ocidental, desta bactéria - e de asma eosinofílica e não eosinofílica. Por outro lado, aquele comité harmoniou, ainda, as recomendações de dose por faixa etária.
No pico das infeções respiratórias, a azitromicina é uma das substâncias ativas que costuma estar inscrita na lista do Infarmed de medicamentos cuja exportação fica temporariamente suspensa ou sujeita a autorização prévia para venda ao exterior. Constando, ainda, da lista de medicamentos essenciais de natureza crítica, definida pela Autoridade Nacional do Medicamento, que importa garantir no mercado nacional.