Representantes criticam que as medidas do Governo fiquem pelos apoios financeiros. Dos 440 milhões, apenas serão pagos até 150 milhões este ano.
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Os agricultores mantêm-se em protesto sem respostas imediatas que os ajudem a suportar o aumento de custos da produção. Na terça-feira em Viana do Castelo, uma marcha lenta parou o trânsito em direção à fronteira de Valença. As confederações de agricultores dizem-se “insatisfeitas” com os apoios prometidos pela ministra da Agricultura, que criticam não trazer “nada de novo”, ficando a faltar medidas para os verdadeiros problemas que o setor agrícola atravessa. Na quarta-feira há marcha lenta em Vila Real em defesa dos agricultores da região.
“Foi apresentado ao país um conjunto de medidas que, supostamente, poderiam ascender de 440 até 500 milhões. Fomos convocados para uma reunião com alguma expectativa de que aparecessem outros tipos de medidas, porque o que aparece ali é apenas no campo das ajudas. O que constatámos é que, daqueles 440 milhões de euros, na melhor das hipóteses, este ano poderão ser pagos cerca de 150 milhões, dos quais 140 carecem de notificação ou de aprovação de Bruxelas”, avançou, ao JN, Pedro Santos, da Direção Nacional da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), sobre o encontro de todas as confederações com a ministra.
De momento, a “única medida real” é o desconto do imposto sobre os produtos de gasóleo agrícola, resume o dirigente. A Tutela indica que a descida do imposto está a funcionar, rejeitando existir falta de compromisso, apesar de ter sido absorvido pela evolução da cotação internacional.
Rever PEPAC
Também Nuno Serra, secretário-geral da Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (Confagri), considerou que as negociações foram “dececionantes”, porque, do total do apoio prometido e que viria de Bruxelas, só uma pequena parte (150 milhões) poderá ser gasta este ano.
O responsável defende “outro tipo de abordagem” pelo Governo, nomeadamente a reformulação das políticas públicas, “em especial do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum”, que “lhes consiga garantir rendimento, estabilidade e previsibilidade para o seu trabalho”. Ficou apalavrado uma nova reunião com as confederações, a agendar em breve.
Na terça-feira, foi a vez de Maria do Céu Antunes ouvir os agricultores do Baixo Mondego e de Aveiro, que estiveram em protesto na semana passada. Por seu turno, dos encontros com a governante, saiu um balanço positivo e a garantia de que estão a trabalhar para que os produtores vejam o dinheiro na conta.
Iniciativas
Marcha em Vila Real
Os agricultores saem na quarta-feira às ruas em Vila Real, exigindo medidas que os defendam e a produção nacional, numa marcha lenta convocada pela CNA. O protesto está marcado para as 10.30 horas na rotunda do Quartel, terminando no largo daquela autarquia, onde será votado um caderno reivindicativo a entregar ao Governo e partidos políticos.
Debate sobre futuro
Irá decorrer na quarta-feira, pelas 15 horas, um debate sobre o futuro do setor agroflortestal, promovido pela CAP, cujo painel conta com representantes do PS, AD, Chega, IL e CDU para discutirem medidas previstas nos programas eleitorais às legislativas de março.