
Temperatura da água do rio Douro vai chegar aos 27 graus este verão
Pedro Correia / Global Imagens
A temperatura da água do rio Douro que chega ao mar está a subir e a parte superior do estuário vai chegar aos 27 graus este verão, de acordo com o hidrobiólogo Adriano Bordalo e Sá.
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O hidrobiólogo Adriano Bordalo e Sá informou hoje que a temperatura da água do rio Douro que chega ao mar está a subir. Há valores registados na parte superior do estuário a chegar aos 27 graus este verão.
"Temos efetivamente uma subida da temperatura da água do rio [Douro] que chega ao mar", avançou à agência Lusa o hidrobiólogo e especialista em Bacias e Barragens Adriano Bordalo e Sá, referindo que o Douro é a maior bacia hidrográfica da Península Ibérica e o rio que transporta mais água para o mar.
Segundo estudos do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), da Universidade do Porto, que se iniciaram em 1985, há "um subtil aumento da temperatura da água". O especialista observou que, "da parte superior do estuário, que tem cerca de 21 quilómetros, temos valores entre os 26 e os 27 graus de temperatura este verão, completamente inabituais há quase 40 anos".
Fenómeno do "afloramento das águas costeiras"
A água do estuário do Douro vai arrefecendo ao longo dos 21 quilómetros do estuário, mas pode chegar à foz com uma temperatura de 20 ou 21 graus. Apesar das alterações climáticas estarem a aumentar a temperatura média das águas do rio Douro, a região Norte não é a melhor indicadora para se aferir o aumento da água costeira que ocorre, porque há um fenómeno oceanográfico chamado "afloramento das águas costeiras".
O afloramento das águas costeiras consiste em transportar para a superfície do mar águas de grande profundidade, onde a temperatura é constante durante todo o ano - quatro graus centígrados. "Devido aos ventos e à morfologia costeira, esse fenómeno suga a água fria de profundidade para a superfície, e por isso é que temos a água gélida no verão", comparado com as temperaturas da água que apresenta, por exemplo, o Algarve, explicou Bordalo e Sá, acrescentando que o fenómeno do afloramento se sobrepõe às alterações climáticas.
"Nuns anos é mais forte, noutros anos é menos forte. Em 2017 foi menos forte e conseguimos ter temperaturas de 21 graus nas praias costeiras", recordou. O fenómeno meteorológico do El Niño vem complicar ainda mais as coisas. Este ano, começou em meados de maio e trouxe chuva inabitual para a época do ano. Até houve inundações em algumas partes de Portugal. "O El Niño está a trazer instabilidade e vai-se sobrepor a esta tendência. Em princípio, trará chuvas fora de época na Península Ibérica", concluiu o cientista.
