No mês em que assinala os 20 anos, a Estação Litoral da Aguda demonstra vitalidade e uma estratégia virada para o futuro. Ali, numa das praias mais pitorescas de Gaia, será criado um centro de mergulho e talassoterapia. Um projeto a que se junta o prolongamento do quebra-mar e a construção do "portinho da Aguda".
Corpo do artigo
Vinte anos depois, a Estação Litoral da Aguda (ELA), em Vila Nova de Gaia, continua a querer valorizar o trabalho dos pescadores. No mês em que o espaço assinala duas décadas de atividade, e numa altura em que já recebeu mais de 400 mil visitantes, "futuro" é a palavra de ordem. E a mudança passa por dois projetos: a expansão do quebra-mar e a construção do Portinho da Aguda e de um Centro de Mergulho e Talassoterapia (CEMTA). Segundo o presidente da Câmara, Eduardo Vítor Rodrigues, "a expectativa é de que no mês de agosto seja efetuada a candidatura ao programa operacional Mar 2020, para abrir caminho a linhas de financiamento".
Mike Weber, diretor da ELA, investigador e professor do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), mostra-se orgulhoso pelas conquistas já realizadas. Contudo, há problemas que têm de ser resolvidos, daí a importância destes projetos. Conhecida pela pesca artesanal, a praia da Aguda tem, atualmente, um quebra-mar com 330 metros de comprimento. Uma estrutura que será prolongada por mais 60 metros em direção a sudeste. Isto porque, no verão, "há um grande assoreamento, que dificulta a entrada e saída dos barcos". Até agora, a solução era recorrer a dragagens. Um método que, segundo Mike Weber, além de ser "caro", não resolve o problema a longo prazo. Por isso, o objetivo é que o quebra-mar passe a ter uma extensão de 390 metros. E será ainda construída uma espécie de braço no molhe sul, em frente à estação litoral.
"O objetivo é criar um porto de abrigo, onde vai existir uma plataforma flutuante com lugar para pelo menos 25 a 30 barcos de pesca". O espaço será gratuito para os pescadores, sendo que os restantes lugares, destinados a barcos de recreio, cujos proprietários "terão de pagar uma quantia, que será para ajudar os pescadores e para manter viva a estrutura, porque para a sua manutenção, serão criados dois a três postos de trabalho", revela Mike Weber. No total, o investimento rondará os 3,9 milhões de euros.
Bomba submersiva a sul
"No paredão sul, vai haver tubagem e uma jangada com uma bomba submersiva que vai encaminhar a areia, quando for preciso. Já no lado oposto haverá uma vedação, para evitar que o vento traga a areia para o portinho". Para o diretor da ELA, é preciso continuar a aposta na pesca local e tudo deve ser pensado para ajudar os pescadores". Por isso, a ideia para o projeto do "Portinho da Aguda", cujo programa-base foi elaborado em 2016 pelo professor Fernando Veloso-Gomes, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), foi logo apresentado à comunidade.
Para o presidente da Câmara, Eduardo Vítor Rodrigues, "o portinho da Aguda é um grande objetivo, porque é uma estrutura que resolve o problema do assoreamento. Por isso, a Câmara está em constante diálogo e atualização com Mike Weber", explica o autarca, adiantando que "é com grande orgulho que o município evoca os 20 anos do trabalho ininterrupto da Estação Litoral da Aguda".
Hotel e centro de mergulho
Para a nova vida da vila piscatória, prevê-se a construção de novas infraestruturas, como o Centro de Mergulho e Talassoterapia da Aguda (CEMTA), que vai ter hotel, parque de estacionamento subterrâneo, residência para estudantes, cafetaria, restaurante e loja de desportos náuticos. No total, o investimento ultrapassa os três milhões de euros. E serão criados até 38 postos de trabalho. "É o futuro da Aguda!", atira Mike Weber, determinado.
Ao lado do edifício da ELA, num local onde atualmente existe um parque de estacionamento, vai nascer um centro de mergulho, que, tal como a ELA, estará aberto "ao longo de todo o ano". Com 15 metros de profundidade, a piscina interior poderá ser utilizada "por bombeiros e por elementos da Polícia Marítima e da Marinha". E haverá, ainda, "treinos específicos" para pessoas com deficiência. "Um espaço que será muito importante para cativar novos públicos e, sobretudo, pela formação de mergulhadores profissionais. Uma resposta que não existe na região e, nestes modos, no país", afirma o presidente da Câmara.
Tratamentos com algas
Outra das novas valências é um setor de talassoterapia. "A ideia é aproveitar as algas e as lamas do mar da Aguda para fazer massagens e tratamentos faciais e corporais". Para este equipamento, prevê-se a criação de cinco a sete postos de trabalho.
A construção de "um hotel de charme" e de uma residência para estudantes promete atrair mais gente à pacata vila da Aguda. E, para servir estes espaços, haverá um restaurante e uma cafetaria. De forma prática, Mike Weber explica qual o motivo que contribui para incluir no projeto uma residência para estudantes.
"Às vezes, alguns jovens telefonam-me a dizer que estão interessados em visitar a Estação Litoral da Aguda. E há grupos que perguntam se conheço algum sítio, um hostel ou uma residência, onde possam ficar. Por isso, nada melhor do que dar-lhes a possibilidade de ficarem hospedados mesmo aqui ao lado", partilha o alemão, adiantando que "a maioria dos jovens é dos cursos de Biologia". "Assim os estudantes têm mais tempo para conhecer a praia e as pessoas da Aguda", sublinha o responsável.
Mas as mudanças não ficam por aqui. O novo edifício terá um parque de estacionamento subterrâneo com capacidade para cerca de 60 carros e uma loja de desportos náuticos. "As pessoas vêm até à Aguda para fazer praia e muitas para praticar desporto. Se tiverem uma loja onde possam comprar ou alugar os materiais, é mais fácil", diz Mike Weber, concluindo que todas as mudanças são pensadas com um objetivo bem definido: "Apoiar os pescadores da Aguda!"