
Sindicatos dos médicos e Governo falam em "aproximação" nas negociações
Orlando Almeida / Global Imagens
"Há uma vontade de aproximação" do Ministério da Saúde que os sindicatos dos médicos querem ver "refletida no papel". Após "reunião longa", Manuel Pizarro destaca "muitos passos na direção certa". Reunião é retomada na terça-feira.
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"Ainda não foi possível chegar a acordo", anunciou Joana Bordalo e Sá, presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fnam), à saída do Ministério da Saúde, cerca da 1.45 horas desta segunda-feira.
A reunião com o ministro Manuel Pizarro teve início pelas 16 horas de domingo e prolongou-se noite dentro, também com a presença do Sindicato Independente dos Médicos (SIM). Após mais de oito horas, "a reunião foi suspensa e será retomada na próxima terça-feira (dia 31) às 14.30 horas", anunciou a dirigente da Fnam.
"Esperamos chegar a um entendimento na terça-feira", admitiu Joana Bordalo e Sá. Para que tal aconteça, frisou, é preciso que a "vontade de aproximação" manifestada pelo Executivo "se reflita no papel de forma séria e concreta para todos os médicos".
Em relação à diminuição da carga horária para as 35 horas de forma faseada, a proposta "está na mesa e o calendário foi debatido", mas a líder da Fnam não revelou mais pormenores da negociação. A questão da revisão salarial ainda não foi abordada.
"Enorme aproximação"
Pelas 2.15 horas, Manuel Pizarro dirigiu-se aos jornalistas. "A reunião foi longa", começou por dizer. Sobre as negociações, reconheceu que é preciso "melhorar a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas para isso temos de reorganizar o SNS" e "encontrar uma solução equilibrada exige muito diálogo e muito esforço".
Exemplificou, referindo que é preciso garantir que "um horário menor não resultasse em menor capacidade de resposta do SNS". Mas, sublinhou, "hoje demos muitos passos na direção certa".
"A minha expectativa é que seja possível concluir um acordo na terça-feira", apontou o governante. "Hoje houve uma enorme aproximação mas ainda existem algumas diferenças que têm de ser limadas", descreveu. Questionado sobre a atualização salarial, Manuel Pizarro reiterou que "tem de se encontrar uma solução de equilíbrio".
Na proposta enviada aos sindicados, o Ministério da Saúde comprometeu-se a avançar com uma "redução progressiva de 18 para 12 horas de prestação de trabalho no serviço de urgência". No entanto, propõe que essa redução seja indexada à diminuição do trabalho extraordinário e da contratação de médicos tarefeiros para esse serviço. Nesse sentido, não estabelece, desde já, um período temporal para essa redução.
Indo ao encontro das reivindicações do SIM e da Fnam, o Ministério está disponível para consagrar, no imediato, o horário de trabalho de 35 horas efetivas para os médicos que fazem trabalho na urgência. E avançar, de forma faseada, com essa medida (baixar das 40 horas semanais paras as 35 horas) para os restantes médicos.

