Apoio dado pela Cruz Vermelha foi criado há um ano e já inclui também famílias refugiadas.
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Mais de 3100 pessoas com carências económicas já receberam ajuda alimentar em cartão para fazerem as suas próprias compras nos supermercados, no âmbito do programa Cartão Dá, criado há um ano pela Cruz Vermelha Portuguesa para "dignificar" o apoio. O projeto, que troca a entrega física de cabazes por um saldo mensal em cartão, passou este ano a integrar também refugiados acolhidos nas estruturas locais da Cruz Vermelha.
O objetivo passa por "conceder maior dignidade aos programas de assistência alimentar" e "respeitar a individualidade de cada pessoa", permitindo às famílias personificar as suas compras mediante as necessidades através de um cartão recarregável mensalmente.
O saldo varia consoante o número de elementos do agregado familiar. Oscila entre 50 euros para uma pessoa, 75 euros para duas ou três pessoas e 100 euros para quatro, havendo uma majoração de 10% por cada elemento em famílias mais numerosas. A ajuda está, por agora, limitada à rede de supermercados Continente, mas a Cruz Vermelha admite ter "articulado com outros grupos a possibilidade de expandir este mecanismo a outras superfícies".
Na altura da compra não há produtos proibidos e, segundo a Cruz Vermelha, o programa "tem revelado consumos responsáveis e pensados" por parte dos 3109 beneficiários, sendo que uma grande fatia do saldo é utilizada para aquisição de bens alimentares. As famílias privilegiam a compra de carne, peixe, frutas, vegetais e laticínios. Na lista de artigos mais comprados, seguem-se os produtos de higiene e para a casa, bem como material escolar.
"Este programa permite uma verdadeira inclusão na sociedade porque dá acesso a coisas que as famílias não podiam comprar. Tive uma família que me disse que tinha comprado bife de carne de vaca e que já não comia há muito tempo", contou Flávia Fonseca, assistente social na delegação da Cruz Vermelha de Coimbra.
Na região, o programa já abrangeu 398 pessoas, o equivalente a 137 famílias. Trata-se da quase totalidade dos beneficiários de apoio alimentar.
"O Cartão Dá acaba por ser dos programas que mais promovem a dignidade das famílias no acesso ao apoio alimentar. Além da pessoa não ter de aguardar em frente à nossa delegação para receber o cabaz, também tem a possibilidade de se deslocar à superfície e adquirir os bens de acordo com as suas preferências e necessidades", sublinhou ao JN Flávia Fonseca.
Apoio do Governo no final do ano
O apoio alimentar da Segurança Social vai deixar de ser dado apenas através de cabaz. A partir do quarto trimestre deste ano, cerca de 30 mil pessoas vão beneficiar, em cartão, do apoio alimentar no âmbito do Programa Operacional de Apoio às Pessoas Mais Carenciadas.