
Macroalga invasora asiática atingiu praias de Cascais
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As macroalgas "Rugulopteryx okamurae" voltaram a invadir o litoral algarvio e a costa de Cascais, causando prejuízos no turismo, na pesca e na biodiversidade.
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A preocupação é tal que o Ministério do Ambiente e Energia (MAE) e o Ministério da Agricultura e Mar criaram uma estratégia nacional para gerir a situação, que entrou ontem em vigor.
Dina Simes, professora na Universidade do Algarve e investigadora no Centro de Ciências do Mar do Algarve, adiantou que esta alga não é comestível, mas “não é tóxica”. A sua acumulação e consequente degradação, porém, podem causar diversos “efeitos nefastos” para o ser humano. Vão desde o “cheiro desagradável” a possível “irritação na pele por contacto com a biomassa degradada”.
Certo é que estão a afastar banhistas das praias e a causar grande preocupação. A sua proliferação em Lagoa, no Algarve, está a ter impactos negativos no turismo, diz o presidente da Câmara, Luís Encarnação, realçando que esta é a “principal atividade económica”. A autarquia tem “relatos de turistas, portugueses e estrangeiros, insatisfeitos”. Outra preocupação é a biodiversidade, pois há pescadores que dão conta do “desaparecimento de espécies” em locais invadidos pelas algas.
Só tem sido possível avançar com máquinas para remover algas no Carvoeiro, devido à configuração rochosa das praias do concelho. Mas ali, “da última vez que retiramos, foram 40 camiões com 10 toneladas cada”, especifica Luís Encarnação, explicando que, aos elevados custos da remoção, é preciso acrescentar “os custos com depósito em aterro”.
Em Cascais, conta Luís Capão, Diretor Municipal de Ambiente e Sustentabilidade, ainda que seja difícil quantificar, o excesso de algas tem tido consequências no “uso das praias, comércio, biodiversidade e pesca”. Este ano já retiraram 400 toneladas, através de recolha com máquinas e do trabalho de voluntários, que seguiram em parte para aterro, com custos na ordem de 75 mil euros para o município. No ano passado foram 2000 toneladas
Os dois responsáveis referem que já têm vindo a alertar o Governo para o problema e ficaram satisfeitos com a criação da estratégia.
Remoção urgente
A estratégia nacional para o problema inclui um plano com medidas de monitorização, resposta operacional, valorização da biomassa, investigação científica e coordenação institucional (ler ao lado). Tem “o objetivo de mitigar os impactos ecológicos, sociais e económicos” e será operacionalizada por um grupo de trabalho coordenado pela Agência Portuguesa do Ambiente.
O MAE indicou ao JN que os trabalhos de remoção das algas, “dado os impactos económico-sociais nas zonas afetadas, são considerados urgentes e prioritários”. Ainda não é possível calcular o investimento, mas o financiamento passará pelos Programas Regionais do PT2030 e pelo Fundo Ambiental.
