A falta de vagas nos centros de acolhimento, devido às circunstâncias impostas pela Direção-Geral da Saúde por causa da covid-19, está a levar a Segurança Social a instalar temporariamente sem-abrigo em alojamentos locais. A ideia agrada aos proprietários por causa da quebra de receita do turismo.
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Existem oito centros de alojamento de emergência social/CAES (cinco no Norte do país, um no Centro e dois na Grande Lisboa) e 29 acordos de cooperação para centros de alojamento temporário, que disponibilizam 900 camas. Os sem-abrigo são encaminhados pela SS e pela linha 144.
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"Há alojamentos de emergência que se estendem por meses", conta Jorge Teixeira, dono de um hostel de Braga. "Costumo ter cinco, seis pessoas. Prolongam o alojamento de seis em seis noites até aos três meses", diz. Cobra uma média de 15 euros por noite.
Segundo a SS, existem cerca de 30 sem-abrigo e dois centros de alojamento em Braga, um pertencente à Cruz Vermelha Portuguesa, com capacidade para 47 utentes, e outro ao Centro Social João Paulo II, com capacidade para 33 utentes.
Durante os meses de julho, agosto e setembro, um dos CAES da cidade teve uma infestação de percevejos e o outro ficou com a lotação ocupada, obrigando a SS a uma maior demanda por quartos ou camas no alojamento local.
Diversos proprietários com hospedagens vazias comentam não compreender como funciona a seleção de alojamentos de emergência. Bruno Vial, dono do hostel SIR Manuel, explica que quando trabalha com a SS cobra "180 euros mensais por pessoa". Nos últimos meses, não recebemos solicitações, mas era um bom ganho na época baixa", lembra. O dono defende a criação de uma plataforma que permita ao AL comunicar à SS o preço e a disponibilidade de camas.
Eduardo Martins, presidente da Associação do Alojamento Local, vê com bons olhos a prestação de serviços de alojamento a beneficiários da Segurança Social, apesar de não conhecer casos concretos.
Segundo a SS, "existem 31 alojadores disponíveis no distrito de Braga e as situações são normalmente resolvidas no próprio dia". Quanto ao método de distribuição de pessoas pelos diversos alojamentos, a instituição argumenta que "passa pelas condições de alojamento, o valor e a disponibilidade para alojamento de emergência 24 horas".
Na rua por opção
No concelho de Braga existem 24 sem-abrigo por opção. "Estes utentes têm percursos longos de dependências, mantendo consumos ativos. Estão a ser acompanhados e apoiados ao nível da alimentação e medicação", disse fonte da Segurança Social.
No contrato de hospedagem entre o utente e um CAES da cidade, está escrito que "o utente deverá entregar aparelhos eletrónicos antes da hora do recolher " e "não pode hostilizar a religião católica e os seus fundamentos".