Alunos de 24 escolas criam soluções tecnológicas para resolver problemas sociais
A final da 9.ª edição do programa "Apps for Good" realiza-se esta quarta-feira, dia 20 de setembro, no Pavilhão do Conhecimento em Lisboa. São 25 projetos realizados por alunos e professores de 24 escolas de Portugal Continental e das ilhas que resolvem questões sociais com soluções tecnológicas.
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Para João Baracho, diretor-executivo do Center of Digital Inclusion (CDI), entidade organizadora do evento, “esta edição mostra, uma vez mais, que estamos no caminho certo para motivar uma verdadeira transformação da educação", seja pela qualidade e originalidade das soluções apresentadas, pelo elevado desempenho dos alunos e pelo entusiasmo dos professores.
São 11 categorias entre o desperdício alimentar, saúde, educação, trabalho, inclusão, cidades sustentáveis, produção e consumo sustentável, ação climática, vida marinha, animais e imigração.
Na categoria do desperdício alimentar, está o projeto Com-Take, uma aplicação desenvolvida por alunos da Escola Secundária de Moura, no distrito de Beja. No vídeo de apresentação, os alunos explicam que “o problema que a aplicação resolve é a impossibilidade das pessoas com problemas económicos adquirirem alimentos aos preços regulares”. O comunicado de imprensa explica que a Com-Take pretende “evitar que comida de qualidade acabe no lixo, tendo como principal objetivo evitar os desperdícios de comida dos estabelecimentos, como restaurantes, hotéis, pastelarias, supermercados”.
Uma outra aplicação é um jogo multiplayer, que se chama Take Care of Me (Toma Conta de Mim) feito por alunos da Escola Secundária Dr. Joaquim Gomes Ferreira Alves, em Vila Nova de Gaia. Nesta aplicação, que pretende simular a realidade e o processo de adoção, o jogador responde a um questionário – feito à semelhança dos de agências de adoção – e adota uma criança. A novidade deste jogo é que todos os lucros, feitos de forma direta (no caso de compras por parte de maiores de 18 anos), ou indireta (com a receita dos anúncios), são parte de uma angariação de fundos para “instituições parceiras que apoiem a educação, o desenvolvimento e o bem estar de uma criança real”, explica o vídeo de apresentação.
Dentro da inclusão social, destacam-se o projeto CAAP e o Rodas Controladas. A CAAP, feita por alunos da Escola Secundária de Vila Verde, em Braga, é “direcionada para todos os alunos do ensino especial e educação inclusiva, que diariamente têm a possibilidade de receber lembretes e ter uma check list das várias tarefas de que necessitam, desde a higiene aos horários escolares ou de autocarros”, explica o comunicado.
A aplicação Rodas Controladas, desenvolvida por alunas da Escola Básica Júlio Brandão, em Vila Nova de Famalicão, é destinada a pessoas com limitações motoras. O grupo de alunas explica, no vídeo de apresentação, que vários colegas na sua escola têm “limitações motoras” e que “enfrentam muitas dificuldades no dia a dia”, nomeadamente para aceder a “edifícios, instalações, transportes públicos que não são acessíveis”, entre outros.
“Pretendemos ser um guia detalhado que permitirá uma deslocação a todos os locais da nossa cidade, sem obstáculos e em segurança. Permitirá também que os colegas tenham uma maior ajuda nas tarefas básicas e diárias da nossa escola e que tenham auxílio caso necessitem, através de diferentes campanhas solidárias”, esclarecem.
A equipa dupla da Escola Básica 2,3 do Estreito de Câmara de Lobos, na Madeira, criou a aplicação SafeStreet, com a qual os residentes do concelho podem reportar “anomalias nas estradas”, que serão reportadas às “entidades competentes. A aplicação permite tirar uma fotografia, selecionar a localização e descrever o problema em tempo real”.
A única aplicação relacionada com imigração chama-se COME in Guide e foi feita por alunos da Escola Secundária Dr. Ginestal Machado, em Santarém. É uma aplicação de apoio a imigrantes “para procedimentos de caráter funcional, no território nacional, com acesso a serviços, núcleos por nacionalidade e Banco de Horas”, explica o comunicado. A aplicação está disponível em sete línguas.
A Apps for Good terá início às 10 horas no Pavilhão do Conhecimento e receberá António Leite, secretário de Estado da Educação e de Carlos Vargas-Tamez, chefe de secção para o desenvolvimento dos professores e cabeça da Taskforce de Professores para a Educação 2030 da UNESCO.