Alunos do 2.º Ciclo vão ter bicicletas na escola para aprender a andar já este ano
Ciclismo vai ser aposta do Desporto Escolar. Modalidade vai ser alargada ao 2.º ciclo. A um mês do arranque das aulas, confederação de professores diz que falta regulamentação.
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Ensinar a andar de bicicleta, de forma competitiva ou como um meio de transporte sustentável, é uma das apostas do programa Desporto Escolar (DE) até 2025. O projeto foi aplicado em experiência piloto, no ano passado, em 31 agrupamentos, mas o Governo pretende alargá-lo, a partir de setembro, a todas as escolas do 2.º ciclo. Vão ser investidos três milhões de euros na aquisição faseada de bicicletas de diferentes tamanhos, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, revelou o Ministério da Educação.
O programa Desporto Escolar sobre Rodas prevê que os alunos aprendam a pedalar "em contexto protegido" (dentro do recinto escolar) e, mais tarde, também na via pública. As bicicletas serão usadas pelos alunos que se inscreverem na modalidade e nas horas atribuídas à atividade pelas escolas, que o poderão alargar a outros níveis de ensino.
mais financiamento e horas
Além do ciclismo, a estratégia para o DE 2021-2025 faz outras apostas, como o reforço da oferta de modalidades "com foco nas olímpicas e nos desportos de praia", e a aproximação ao desporto federado e a clubes desportivos locais, abrindo a possibilidade de algumas atividades serem lecionadas por treinadores. Poderão ser criados mais centros de formação desportiva (existem 73 para atividades náuticas e de atletismo, natação e golfe), em parceria com autarquias ou federações desportivas, para alunos de vários agrupamentos.
O presidente da Confederação Nacional de Associações de Profissionais de Educação Física e Desporto, Avelino Azevedo, classifica o programa como "excelente". Mas, a quase um mês do arranque das aulas, alerta que as escolas e professores ainda não sabem como irá ser operacionalizado. "A regulamentação é determinante para se aferir o alcance", sublinha.
"Sem mais financiamento e um reforço substancial nas horas não se conseguirá" alargar a oferta ou aumentar o nível competitivo, assegura Avelino Azevedo. No próximo ano, voltam a ser atribuídas "22 600 horas por semana, que correspondem a cerca de 1030 docentes a tempo completo", explicou o ME ao JN.
"A aproximação do DE ao federado é importante, mas o que adianta, por exemplo, ter equipas e, depois, não ter financiamento para o transporte dos alunos?", questiona. Já para o vice-presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, o projeto que prevê o alargamento do Desporto Escolar sobre Rodas a todas as escolas do 2.º ciclo "só peca por vir mais tarde do que o desejado". A aproximação das escolas ao desporto federado "é crítica" para a formação dos atletas, defende Sandro Araújo. Já há experiências ao nível da participação de algumas equipas de BTT (havia em 2020, 84 em escolas) competirem em eventos abertos da federação. E também podem aproveitar-se as pistas BMX pelo país, sugere. O plano, considera, pode até "renovar" a prática do ciclismo em Portugal.
O único alerta de Sandro Araújo é que, além da aquisição das bicicletas, "sejam garantidas as condições de manutenção das bicicletas, para que as frotas sejam devidamente preservadas".