Os estudantes em protesto pelo movimento "Fim ao Fóssil: Ocupa!" fecharam duas escolas, esta terça-feira, em Lisboa e houve alunos sem aulas na António Arroio. Na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, as ações foram silenciadas, dizem os ativistas. Os manifestantes acusam a direção da faculdade de ter travado a marcha de protesto e a colocação de uma tenda nas instalações.
Corpo do artigo
"Estas catástrofes climáticas e a crise climática não são normais. Portanto, a nossa resposta não pode ser normal. Precisamos de disrupção para parar a destruição", afirma Teresa Núncio, porta-voz do protesto. Os estudantes têm ocupado desde 26 de abril várias escolas e faculdades, lutando "pelo fim ao fóssil até 2030" e "pela eletricidade 100% renovável e acessível para todas as famílias até 2025".
Devido aos protestos dos ativistas climáticos, várias escolas tiverem o seu funcionamento condicionado durante esta terça-feira. Os alunos da Escola António Arroio, em Lisboa, não tiveram aulas. Na Escola Secundária D. Luísa de Gusmão, também na capital, uma aluna prendeu-se ao portão e teve de ser retirada pela PSP e pelos bombeiros, onde durante a manhã não houve aulas. Já no Liceu Camões, também em Lisboa, houve protestos da greve climática, contudo não impediram o normal funcionamento da escola.
No Porto, os alunos tinham programado começar o protesto com uma marcha à volta da faculdade, seguido de uma ocupação no átrio onde, durante toda a tarde, decorreriam rodas de conversas e, por fim, um jantar comunitário.
"A direção só nos permitiu ficar calados e sentados, a ter pequenas rodas de conversa entre nós. É basicamente o que fazemos no dia-a-dia", afirmou Nico Moniz.
Apesar de todas as ações terem sido proibidas pela direção da instituição e de estar presente a polícia, os alunos decidiram ocupar o átrio, colocando fita-cola na boca em protesto por lhes terem pedido silêncio. "A direção dizer-nos para ficarmos calados vai contra tudo aquilo que o movimento é, que é para nos dar voz", ressalva o estudante. Os alunos ainda montaram uma tenda dentro das instalações mas a pedido da PSP e da direção da faculdade acabaram por retirar.
Um dos objetivos dos estudantes é reunirem 1500 assinaturas para a participação na ação de bloqueio do porto de gás fóssil de Sines, no dia 13 de maio, organizada pela plataforma "Parar o Gás". Neste momento, contam com mais de uma centena de assinaturas.
O ministro da Educação, João Costa, mostrou-se solidário com as preocupações dos ativistas climáticos. No entanto, alertou que "fechar escolas é negar o acesso ao conhecimento". Para o governante, existem outras "formas de participação democrática são sempre mais interessantes do que o encerramento de serviços públicos".