Liga aponta que há viaturas atribuídas aos bombeiros a circular com mais de 18 anos. Uma delas, em Albergaria, tem um milhão de quilómetros.
Corpo do artigo
Uma ambulância do INEM confiada à corporação de Torre de Moncorvo, em Bragança, utilizada em operações de urgência e emergência, tem 18 anos. Outra em Albergaria, no distrito de Aveiro, já circulou mais de um milhão de quilómetros. Estes são alguns dos dados obtidos pela Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) num levantamento nacional sobre as ambulâncias do instituto confiadas a associações humanitárias e a corporações de bombeiros de todo o país. O presidente da LBP, António Nunes, quer que o INEM arranje uma solução e renove os protocolos.
"As ambulâncias com esta idade e com esta quantidade de quilometragem têm falta de segurança e de condições de trabalho", afirma ao JN António Nunes, que realça que o levantamento começou há uma semana e deverá estar concluído brevemente. Para António Nunes, a situação não é resolvida porque os corpos de bombeiros têm a "alternativa" de usar as ambulâncias que são sua propriedade, "as vermelhas", não ficando o socorro das populações em risco.
Renovar protocolos
De acordo com a Liga, há vários protocolos do INEM com as corporações, para a renovação das ambulâncias dos Postos de Emergência Médica (PEM), que não foram atualizados. "Mantêm-se os antigos [protocolos], o que significa que há corporações que continuam com as ambulâncias velhas", afirma António Nunes.
Ao JN, fonte do instituto admite que, em 2020 e 2021, "fruto do contexto epidemiológico" da covid-19 foi necessário "recalendarizar o plano de investimentos previstos". "Entre 2017 e 2019, o INEM estabeleceu protocolos para renovação de 195 ambulâncias PEM e procedeu à criação de 53 novos PEM", refere.
O presidente da LBP exemplifica: existe uma ambulância de 2008 "há um ano parada" na corporação de Trancoso, no distrito da Guarda, "à espera de autorização do INEM para arranjar o motor". Fonte do instituto defende que nenhuma viatura circula "sem cumprir todos os requisitos de segurança" e que todas são encaminhadas para uma oficina, caso haja avarias.
Face ao envelhecimento da frota confiada aos bombeiros, o INEM diz continuar "a desenvolver todos os esforços para que a renovação das ambulâncias em funcionamento nos PEM possa ser retomada tão rapidamente quanto possível".
Prazos para substituir
Com a conclusão do levantamento, a Liga vai exigir que haja "uma tomada de posição rápida" do INEM para "substituição das viaturas e que seja indicado um prazo", explica António Nunes. O presidente da Liga aponta uma solução: "Abater as viaturas [do INEM] e passar o serviço a ser feito pelas viaturas dos corpos dos bombeiros, que lhes teriam de ser pagas".
Na semana passada, e após o anúncio do reforço dos PEM com mais dez ambulâncias a partir de 1 de agosto, a LBP acusou o INEM de adicionar meios sem consultar os operacionais. Existe um acordo tripartido das duas entidades com a Autoridade de Emergência e Proteção Civil para a prestação de serviços de emergência pré-hospitalar.
António Nunes disse que iria dar conhecimento ao Ministério da Saúde e admitiu quebrar o acordo, se a situação se mantiver.