Ana Catarina Mendes acusa Marcelo de entrar na campanha e critica Ferreira Leite
A ministra Ana Catarina Mendes acusou o presidente da República de ter entrado na campanha, manifestando a sua "perplexidade" perante uma conduta que considerou não ser "aceitável". Também se insurgiu contra a "insensibilidade social" de Ferreira Leite, por esta ter dito que a covid-19 foi uma "bênção" para o PS.
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No comício de encerramento da campanha socialista, em Almada, a ministra dos Assuntos Parlamentares e cabeça de lista por Setúbal começou por dizer que o PS e o Governo não queriam e "não mereciam" ter ido para eleições antecipadas, criticando a decisão de Marcelo Rebelo de Sousa.
Dito isto, questionou: "Por que decide o sr. presidente da República entrar em campanha no último dia? Em democracia, não é aceitável". Quando mencionou Marcelo pela primeira vez, muitos dos socialistas presentes no pavilhão assobiaram.
Em causa está um artigo do "Expresso", publicado esta sexta-feira. O semanário noticiou que, caso a Aliança Democrática (AD) perca as eleições mas haja uma maioria de Direita no Parlamento, o presidente da República não aceitará um primeiro-ministro de substituição de Luís Montenegro para um eventual Governo com o Chega.
Segundo esse mesmo artigo, Marcelo "já cenarizou o que pode sair do 10 de março e não antevê que quem fique em segundo nas eleições possa governar". Este sábado, dia de reflexão, o presidente fala ao país, às 20 horas, sobre o acto eleitoral.
Pede a Ferreira Leite "respeito" por quem perdeu familiares ou amigos na pandemia
Ana Catarina Mendes insistiu no tema, lembrando que o chefe de Estado é o "garante da estabilidade democrática" e, como tal, a figura responsável por assegurar "que todas as forças políticas têm os mesmos direitos".
Nesse sentido, atirou: "Não é admissível que o sr. presidente da República tenha decidido convocar estas eleições mas, pior do que isso, entrar hoje em campanha eleitoral". E disse estar confiante de que os portugueses "responderão com uma grande, enorme, vitória do PS".
De seguida, Ana Catarina apontou baterias a Manuela Ferreira Leite, antiga ministra do PSD que, esta sexta-feira, na campanha da AD, afirmou que a pandemia e a inflação foram "duas bênçãos que caíram do céu" ao PS. A ministra pediu "respeito" por todos os portugueses que perderam amigos ou familiares durante a pandemia.
Ana Catarina Mendes acusou a social-democrata de ter revelado "uma insensibilidade social inadmissível", recebendo uma salva de palmas. Revelou também que um dos motivos para ela própria ter entrado na política foi o facto de as propinas universitárias terem aumentado quando Ferreira Leite era ministra da Educação de um dos Governos de Cavaco Silva.