Ex-eurodeputada e André Ventura em campos declaradamente opostos durante debate televisivo decorrido nos limites da mera afronta política.
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"Um gatinho" nos corredores da política, um animal nos estúdios, "um gatarrão", como Ana Gomes, não sem ironia, chamou a André Ventura, no final de um debate decorrido quase sempre no limite da agressividade, mais pessoal do que ideológica.
O "moderador da TVI24 achou-se na necessidade de fazer um "apelo ao respeito" para lançar o debate de ontem e o certo é que a confrontação política entre os candidatos à Presidência da República andou muitas vezes no limiar da cortesia. O candidato do Chega foi confrontado com as derrapagens de um discurso vinculado com a extrema-direita e a ex-eurodeputada acusada de representar "toda a esquerda e tudo o que há de pior em Portugal".
Os candidatos reclamaram-se em campos bem opostos: a ex-diplomata "em defesa da Constituição e da democracia", contra "o ódio e o racismo contidos, contra a Constituição, no programa do candidato que impôs a lei da rolha ao próprios militantes do Chega"; e o deputado a discorrer sobre os temas que lhe são mais caros - da imigração, que associa à criminalidade, à corrupção -, incluindo a declarada aversão ao regime político vigente. "Não gosto da Constituição", disse.
Comparados com este, os outros debates da noite, emitidos pela RTP, foram um exercício de cordialidade política: Marisa Matias, candidata do BE, e João Ferreira, apoiado pelo PC, debateram as dores fraturantes da esquerda; e Vitorino Silva, de Rir, Incluir e Reciclar, empatou-se com Tiago Mayan, candidato apoiado pela Iniciativa Liberal.