Ana Gomes afirmou, este domingo à chegada ao 24.º Congresso do PS, que o tema da Justiça não vai "de maneira nenhuma" assombrar a campanha socialista, mas considerou que há uma "central de manipulação" a colocar "cirurgicamente" assuntos na ordem do dia com o intuito de "interferir no debate político" e no congresso.
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"Toda a gente percebe que há alguém, não estou a dizer que seja da Justiça, mas há alguém que está a utilizar dados da Justiça com o propósito óbvio de interferir politicamente com este congresso e com outros dirigentes de outros partidos, de resto também com o próprio processo eleitoral. E os portugueses não são parvos, percebem isso muitíssimo bem", afirmou a antiga eurodeputada à chegada da Feira Internacional de Lisboa, no encerramento do 24.º Congresso do PS.
Na sexta-feira, no primeiro dia do conclave socialista, o jornal Observador avançou que António Costa, primeiro-ministro demissionário, seria suspeito da alegada prática de prevaricação pelo Ministério Público, no âmbito da Operação Influencer. A notícia não foi confirmada pela Procuradoria-geral da República (PGR). O papel da procuradora, de acordo com Ana Gomes "tem sido um dos problemas" da investigação, mas não pela sua "competência e seriedade". "O que está em causa é a sensibilidade política e a capacidade para exercer o comando hierárquico inerente à função", afirmou.
A diplomata foi ainda questionada sobre um dos temas mais falados pelos socialistas no 24.º Congresso do PS, a dissolução da Assembleia da República por Marcelo Rebelo de Sousa, e aproveitou para criticar o PS por não ter apoiado nenhum candidato nas eleições presidenciais de 2021, em que Marcelo Rebelo de Sousa foi reeleito. "Eu sobre essa matéria, mais do que dizer, fiz o que tinha que fazer. Foi ter-me candidatado num momento em que, infelizmente, o PS escolheu não ter candidato", numa crítica que também se ouviu durante o congresso.
Ana Gomes afastou, para já, a hipótese de ser recandidata ao cargo de presidente da República, lembrando que o foco socialista tem de estar nas próximas eleições que se avizinham, e elegeu a Economia como um tema de máxima prioridade. "A política que invista na Economia porque é isso que permite efetivamente ter contas certas de forma sustentável, pagar salários decentes a todos e em particular aos jovens qualificados para não os continuarmos a perder".
A par da Economia, do combate à pobreza e do reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS), a antiga deputada europeia espera que a liderança de Pedro Nuno Santos "vá ainda mais longe na afirmação da capacidade das mulheres", não só nos órgãos políticos, mas também nas empresas, vida académica e científica.