Enfermeira tem de fazer terapia dispendiosa para evitar que a doença alastre a órgãos vitais.
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Foi no ano passado que "o mundo desabou" para Ana Rita Campos, ao descobrir, aos 41 anos e ainda a amamentar a filha mais nova, que tinha cancro nas duas mamas - carcinoma invasivo da mama e bilateral -, já com o comprometimento de gânglios linfáticos e de tecidos exteriores aos gânglios, o que agrava o risco de metástases.
Face à descoberta, o prognóstico traçado pelos médicos não deixa dúvidas: apesar dos tratamentos (quimio e radioterapia) e das cirurgias por que passou (mastectomias e esvaziamento da axila), a probabilidade de Ana Rita, que é enfermeira, voltar a ter cancro, mas desta vez num órgão vital - como pulmões, fígado ou cérebro -, é muito elevada, e pode ser fatal.
A esperança tem nome de medicamento - Abemaciclib -, mas um custo demasiado elevado para a família de Odivelas: são 3500 euros por mês, ao longo de dois anos, para tentar prevenir o aparecimento da doença noutro local do corpo, tornando-se incurável.
Campanha solidária
Para fazer face à verba avultada, a família lançou uma campanha para angariar os 84 mil euros necessários para os 24 meses de terapia, uma despesa "impossível" para Ana Rita e o marido, Nuno Assunção, que têm um menino de seis anos e uma menina de três. "Por mês, é mais do que os nossos dois ordenados juntos", diz a enfermeira.
Ana Rita foi proposta para o tratamento, que, para ser eficaz, tem de iniciar-se rapidamente, mas, em Portugal, o Abemaciclib não está a ser usado como fármaco para prevenção, e sim como tratamento paliativo, pelo que não é comparticipado como medida preventiva.
No entanto, o medicamento "já foi aprovado pelas sociedades de oncologia europeia e americana, e está a ser utilizado noutros países para prevenção", verificou Ana Rita Campos, que pode conseguir um "aumento da esperança de vida" se fizer esta terapia, cujos resultados já estão comprovados em estudos.
"Sei que não há nenhum medicamento que me dê 100% de certeza de não voltar a ter cancro, mas quero agarrar-me ao que me der maior probabilidade de acompanhar por mais tempo o crescimento dos meus filhos", escreve a enfermeira, na campanha de angariação de fundos que criou na plataforma "Gofundme".
"Com tudo isto, descobri que tenho muito medo da morte, mas, mais do que isso, tenho muito medo de não ver os meus filhos crescerem, de não poder acompanhá-los e ampará-los e de não os conhecer como adultos", confessa Ana Rita, que pressentiu que havia algo de errado quando sentiu "uma dor forte na mama enquanto estava a dar um abraço bem apertadinho ao filho".
Além da angariação de fundos na plataforma "Gofundme", em "Enfermeira e mãe jovem - tratamento para cancro", é possível ajudar com donativos para a conta com o NIB 006100500552474050048.